Nos dois primeiros meses do ano, produtores brasileiros exportaram 124,3 mil toneladas de frutas frescas e processadas para diversos países, um aumento de 14,4% no volume exportado em relação ao mesmo período de 2017. Quando se observa o valor arrecadado com as vendas, de US$ 98,1 milhões, o crescimento foi ainda maior, cerca de 18,3% em apenas um ano.
Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), entidade que representa um total de 53 associados, entre cooperativas, empresas e grupos regionais de produtores.
O maior destaque entre as frutas exportadas no período é a laranja (fresca ou seca), cujo volume vendido ao exterior aumentou 96.380%, passando de 4 mil toneladas no ano passado para mais de 3,8 milhões de toneladas embarcadas nos últimos dois meses. Morango (394%) e banana (267%) também registraram forte crescimento nas vendas, em termos de volume.
Apesar dos bons números do setor na exportação, apenas 2,5% de todo o volume de frutas produzidos no país é vendido para outros países. Mesmo sendo o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com volume anual de 44 milhões de toneladas ; atrás apenas de China e Índia ; o Brasil é apenas o 23; colocado na lista dos principais exportadores. ;Diferentemente de produtos como carnes, café e açúcar, com os quais estamos ao mesmo tempo na lista dos maiores produtores e dos principais exportadores, no setor de frutas, ainda temos esse desafio de crescer muito nas exportações;, explica Jorge Souza, diretor técnico da Abrafrutas.
[SAIBAMAIS]A União Europeia responde por 70% das cargas brasileiras de frutas, seguida pelos Estados Unidos (15%), e outras fatias distribuídas entre países da América do Sul e o Oriente Médio. Segundo Jorge Souza, há um potencial enorme de expansão para a Ásia, que concentra o maior contingente populacional do planeta, ainda pouco explorado pelos produtores de frutas do Brasil. ;Não podemos vender ainda para a China, porque não temos acordo fitossanitário para nenhum tipo de fruta fresca para aquele país, mas já há tratativas em curso sobre isso;, revelou.
Além das barreiras fitossanitárias, o protecionismo do setor está entre os desafios para ampliar as vendas externas dos produtores nacionais. ;Do ponto de vista do ambiente de negócios, esses movimentos nacionalistas que temos visto em termos comerciais pode dificultar a abertura de novos mercados. No âmbito interno, é mais um trabalho de desenvolvimento da cultura exportadora do produtor;, disse o diretor técnico da Abrafrutas. De acordo com Souza, a maioria dos produtores brasileiros é formada de pequenos proprietários, o que demanda um processo abrangente de capacitação.
Outro gargalo está na infraestrutura para escoamento da produção. ;No caso das frutas, que são altamente perecíveis, os portos e aeroportos precisam estar mais bem preparados, com cadeia de frios, para garantir a integridade dos produtos;, afirma Jorge de Souza. O Brasil tem muita competitividade, disse Souza, com a exclusividade de produtos como açaí, castanha e frutos do cerrado. ;Nosso país é reconhecido internacionalmente por produzir uma fruta muito doce e saborosa. Precisamos explorar essa potencialidade.;
Em dezembro do ano passado, a Abrafrutas e a Agência de Promoção de Exportações (Apex-Brasil) assinaram convênio para a promoção de ações com o objetivo de aumentar as exportações de frutas. O acordo foi firmado há dois anos, e a meta é que as exportações de frutas brasileiras alcancem a marca recorde de US$ 1 bilhão até o fim de 2019. Com a ajuda da Apex, os produtores vão participar de feiras e missões e visitar outros países.