Como reação à medida do presidente norte-americano, Donald Trump, de sobretaxar as importações de aço e alumínio, a China anunciou nesta segunda-feita (2) que vai impor novas tarifas sobre 128 produtos americanos, a maioria deles agrícolas. As tarifas entraram em vigor imediatamente e afetam uma lista provisória de importações que somam cerca de US$ 3 bilhões por ano, de acordo com nota divulgada pelo Ministério de Finanças Chinês.
O volume é equivalente ao que afetou o setor chinês de aço e alumínio, após a decisão norte-americana. A maior parte dos produtos, 120, receberão uma taxa de 15%. Já outros, como carne de porco congelada e alumínio reciclado, terão uma alíquota de 25%. As tarifas impostas pelo presidente Trump foram de 25% sobre o aço e 155 sobre o alumínio.
Na nota do Ministério Chinês, a justificativa para as novas alíquotas toma como base o comunicado assinado por Trump em 8 de março, que sobretaxou as importações de aço e alumínio. Segundo o governo Chinês, as 232 medidas violam as regras da Organização Mundial do Comércio e não cupriram a disposição de exceções de segurança, além de causar danos aos interesses chineses.
;A fim de salvaguardar os interesses da China e equilibrar os prejuízos causados %u200B%u200Bpelas medidas dos EUA contra os interesses da China, suspendemos as tarifas sobre sete categorias de 128 produtos importados originários dos Estados Unidos de taxas alfandegárias em 2 de abril de 2018, com base nas tarifas atuais aplicáveis;, diz a nota.
Weber Barral, consultor da Barral M Jorge Consultores Associados, observou que a retaliação da China não foi generalizada e sim pontual. ;Pegou produtos politicamente importantes. A própria soja, que é importante para a China, não sofreu sobretaxa por ser um produto mais sensível;, explicou.
De acordo com Barral, a ideia do governo Chinês é criar uma pressão, dentro dos Estados Unidos, contra as políticas do Trump. ;Faz parte do jogo, a China está ameaçando ir na OMC contra os Estados Unidos da América (EUA). Ainda veremos muitos capítulos futuros desta guerra comercial, provavelmente vai longe;, comentou.
Ele destacou que o problema e risco da guerra comercial é que nunca tem um ganhador e cria uma percepção de risco no comércio internacional. ;Outros países podem começar a adotar medidas protecionistas, e esse é o risco principal. A Europa mesmo já começou a salvaguardar o setor de aço;, esclareceu. Para ele, os EUA não retornarão na decisão, pelo menos não imediatamente. ;Há um compromisso político com o setor de aço nos Estados Unidos. Mas em um ou dois anos, a pressão pode começar a gerar exceções sobre alguns tipos de produtos;, completou.
Com a meta de reduzir o déficit comercial dos EUA em relação à China, a Casa Branca ameaçou impor mais tarifas sobre outros produtos chineses, com importações de US$ 50 bilhões por ano.