São Paulo ; A Caoa Chery está às vésperas de lançar o primeiro veículo fabricado em parceria entre o grupo brasileiro e a montadora chinesa. Amanhã, a companhia apresenta oficialmente o Tiggo 2 (T2) para jornalistas em um evento em Itupeva, no interior paulista. Nas concessionárias, a informação é que o novo carro chegará apenas na semana que vem.
A joint-venture entre os dois grupos foi anunciada em novembro do ano passado e custou US$ 60 milhões à Caoa. Na ocasião, os executivos das empresas afirmaram que os investimentos chegariam a US$ 2 bilhões em cinco anos. A promessa na ocasião foi conquistar 5% de participação de mercado até 2022. Além da fábrica de Jacareí (SP), que já era da Chery, a Caoa juntou ao negócio sua unidade em Anápolis (GO), em operação desde 2007, onde produz modelos da Hyundai ; IX 35, Tucson, HR e HD ;, e deverá compartilhar sua linha de montagem com os modelos da Chery.
Para a Chery, a maior montadora chinesa e a maior exportadora de veículos do país, o lançamento do T2 será uma espécie de recomeço no Brasil. Com a fábrica de Jacareí em operação desde 2014, onde foram aportados US$ 500 milhões, a chinesa tinha a expectativa de chegar a 3% de participação no mercado brasileiro.
Mas a montadora, assim como suas concorrentes, viu as vendas do setor serem abatidas pela crise econômica no país. No acumulado do ano (janeiro e fevereiro), a Chery obteve 0,25% de participação no total de automóveis emplacados, com 699 unidades. Esse desempenhou deu à marca a 20; posição no ranking divulgado pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
;O momento é mais que oportuno. O mercado está reagindo e o segmento de SUV deve crescer mais do que o habitual;, avalia Raphael Galante, consultor da Oikonomia Consultoria Econômica. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta para 2018 um crescimento de 13,2% na produção de veículos. Para o especialista em indústria automotiva, o grupo Caoa tem capital, estrutura e know-how para atender da melhor maneira os consumidores, o que pode fazer a diferença nessa nova fase da marca chinesa no Brasil.
;Eu acredito que eles irão utilizar a mesma estratégia que a Caoa fez com a Hyundai. Virão para o mercado com carro completo e preço justo;, afirma Galante. O novo veículo, avalia o especialista, não fugirá das características do segmento. Por isso, deverá chegar às concessionárias com muita tecnologia embarcada. O consultor acredita que a Chery deverá ter mais facilidade neste novo momento para quebrar a resistência dos brasileiros a veículos chineses, já que trará a marca Caoa atrelada ao nome da montadora.
Em Jacareí, os cerca de 400 funcionários da Chery vivem a expectativa de retomada da companhia a partir do lançamento do T2. ;Estamos otimistas com o novo momento da empresa. A esperança é de que a parceria com a CAOA represente um incremento na produção e nas vendas e que isso se reverta em mais contratações;, diz Guirá Borba, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
O T2 começou a ser produzido em Jacareí no fim do ano passado, mas passou por uma série de ajustes antes do lançamento oficial. Nos últimos meses, a montadora fez algumas contratações, mas ainda não está em ritmo acelerado. Tanto que sua operação atualmente acontece apenas em um turno. Além do T2, a fábrica do interior paulista monta também os modelos QQ e o Novo Celer. A ideia com a parceria entre os dois grupos é transformar a fábrica do interior paulista, com capacidade anual para produzir 50 mil unidades, em base exportadora para a América Latina.
O Grupo Caoa atua com quatro marcas no Brasil. É revendedor da Ford e da Subaru, fabrica alguns modelos da Hyundai e desde o fim do ano passado passou a contar com 50% de participação na operação brasileira da Chery. A Caoa Chery foi procurada, mas sua assessoria de imprensa informou que não comentaria a estratégia antes do lançamento.