"A nação está inviabilizada." Com essas palavras fortes, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, sintetizou o quadro fiscal do governo federal e dos estados ao iniciar o encerramento do seminário Correio Debate: Tributação e Desenvolvimento Econômico, nesta terça-feira (06/03) na sede do Correio Braziliense. Pelas contas do ministro, o rombo da Previdência de estados e do governo federal chega a R$ 4 trilhões.
Uma das principais medidas para resolver o problema das contas públicas, que, de acordo com os palestrantes nunca foi tão grave como atualmente, é melhorar a governança dos gastos, na avaliação de Nardes. E, nesse sentido, ele sugeriu medidas não somente visando aumentar a eficiência do funcionalismo com um quadro menor, como também a criação de mecanismos para evitar o desperdício do dinheiro do contribuinte.
;Temos mais de 15 milhões de pessoas trabalhando nos governos, sem governança, sem avaliação e sem treinamento adequado. Temos que partir para uma transformação da nação e a governança é o grande pano de fundo dessa mudança;, afirmou. ;Arrecadar nós sabemos, mas gastar, não sabemos. Jogar dinheiro na sarjeta e ao vento é a coisa mais simples e mais fácil no estado brasileiro;, alertou Nardes.
O ministro foi o relator do TCU que rejeitou as contas da ex-presidente Dilma Rousseff de 2014, abrindo caminho para o impeachment da petista. Ele citou como exemplo do descaso com o dinheiro público de governantes ;as milhares de creches e UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) abandonadas no Brasil e que consumiram bilhões de investimento público;.
Incompetência dos governantes
Nardes também defendeu que a incompetência é a marca registrada dos governantes do país, que gastam muito e mal. ;A nação está inviabilizada;, criticou, destacando que, entre 2014 e 2015, o Executivo Federal teve despesas de R$ 365 bilhões.
O ministro apontou que há uma desorganização generalizada no estado, porque não há boa governança e avaliação de desempenho das políticas públicas e de funcionários. ;Arrecadar, nós sabemos. Gastar, nós não sabemos;, apontou. ;Jogar dinheiro no vento é simples e fácil;, completou.
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[SAIBAMAIS]Nardes declarou que, de acordo com as auditorias feitas no TCU desde 2014, a incompetência é o que mais se caracteriza. Ele exemplificou excessos de gastos em prefeituras, refinarias e construções de creches. ;Lutar a corrupção sem governança não vai modificar nada. Continua tudo igual, porque ninguém controla para onde vai o dinheiro;, disse.
;Temos que diminuir os gastos, e com certeza não aumentar os impostos, mas, sim, aumentar a eficiência;, argumentou. ;Estamos numa situação de inviabilidade econômica da nação. Chegou o momento de transformar;, finalizou Nardes. O ministro encerrou o seminário destacando a necessidade do debate elogiando a iniciativa do Correio Braziliense.
Rombo de R$ 4 trilhões
Na avaliação de Nardes, o próximo presidente precisa estar consciente desses problemas e os candidatos precisam debater esse problema, assim como a reforma da Previdência, e não apenas atacar um ou outro. ;Os líderes precisam estar conscientes desse papel. Cabe provocar a discussão que é pano de fundo sobre a situação de colapso se a reforma (previdenciária) não for feita agora;, destacou. Pelas contas do ministro, o tamanho do rombo da Previdência nos estados é de R$ 2,8 trilhões e o da União, incluindo os sistemas público e privado, de R$ 1,2 trilhão, em valores atuariais trazidos ao presente que juntos somam R$ 4 trilhões, mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do país. ;Não temos capacidade de pagar quem tem perspectiva para se aposentar no futuro porque estamos em uma situação de inviabilidade da nação;, avisou ele, acrescentando que mantém o otimismo de que algo precisa e deve ser feito e logo.