A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou nesta segunda-feira (5/3) o Mapa Estratégico da Indústria que apresenta uma série de tarefas para desenvolver a economia do Brasil nos próximos quatro anos. O documento serve como referência aos candidatos à presidência da República ao longo do debate eleitoral, e também auxilia a agenda dos próximos governantes, eleitos em outubro deste ano. Essa é a terceira versão do estudo.
Caso haja o cumprimento das propostas feitas pelo órgão, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 4% ao ano, em média, a partir de 2023. Segundo o diretor de políticas e estratégia da CNI, José Augusto Fernandes, o PIB per capita teria 3,5%, em média, a partir do mesmo ano. No entanto, segundo Fernandes, sem o Mapa, o crescimento seria de 2% ao ano, e o per capita ficaria em torno de 1,5%. Assim, o Brasil levaria, por exemplo, 50 anos para chegar a renda per capita de Portugal.
;Temos um belo desafio pela frente, e isso mostra que o país tem que lutar com toda a sua energia para enfrentar esse desafio. E quando olhamos para a renda dos países mais desenvolvidos, esse desafio de crescer 2% ao ano, nós levaríamos 85 anos para alcançarmos a renda dos Estados Unidos. Se crescermos 4%, levaríamos 38;, afirmou o diretor.
Diante do cenário, e buscando estratégias para o desenvolvimento econômico, o Mapa listou 11 fatores-chaves para o Brasil, que são: segurança jurídica; ambiente macroeconômico; eficiência do estado; governança e desburocratização; educação; financiamento; recursos naturais e meio ambiente; tributação; relações do trabalho; infraestrutura; política industrial, de inovação e comércio exterior; produtividade e inovação na empresa. ;É inevitável um novo ciclo de reformas no país. Desde 2013, com as próprias manifestações de rua, a frustração em relação a qualidade do serviço público no Brasil ficou muito evidente, e todos são afetados por isso;, explicou Fernandes.
Para isso, é necessário atuar em dois eixos diferentes, segundo a CNI. Uma é a superação as deficiências que aumentam o custo de produção e comprometem a produtividade. E, em segundo lugar está o requerimento de iniciativas com o objetivo de aumentar a capacidade de inovação das empresas, a inserção na Indústria 4.0 e a participação na economia de baixo carbono.
;A mensagem que estamos colocando é: chega de complacência ao nosso potencial de economia brasileira. Nos 220 anos da independência do Brasil, queremos uma indústria mais inovadora, global e sustentável;, concluiu Fernandes.
Outras versões do Mapa
A primeira versão do estudo foi lançado em 2005, e abrangia o período de 2007 a 2015. Nesse tempo, o Brasil conseguiu reduzir as desigualdades sociais e avançou na inclusão digital da população. Porém, não conseguiu os investimentos em saneamento, transportes e energia, além de ampliar as exportações e o ritmo da produtividade industrial.
Na segunda versão, em 2013, o Brasil deveria cumprir dez outras metas até 2022. Mas, com a crise econômica e a queda da atividade e investimentos, o país ficou muito longe dos objetivos traçados pelo estudo.
;Essa é a terceira versão porque, de vez em quando, temos que adapta-lo. Porque o mundo está sob constantes mudanças e o Brasil também;, explicou José Augusto Fernandes.