A diretora de risco soberano da agência de classificação de risco Standard & Poors (S), Lisa Schineller, avisou que, mesmo se reforma da Previdência for aprovada pelo Congresso Nacional neste ano, isso não será suficiente para reverter a nova nota do país.
Ontem, a S anunciou o terceiro rebaixamento do Brasil desde setembro de 2015. Em entrevista pela internet nesta sexta-feira (12/1), executiva destacou que, mesmo se houver a reforma da Previdência, ainda há muitos riscos fiscais envolvidos para que esse nota seja revertida ainda neste ano, como o descumprimento da regra de ouro.
;Outras medidas para melhorar o equilíbrio fiscal precisam ser implementadas;, avisou. Para a executiva, será muito difícil que o governo consiga aprovar a reforma da Previdência neste ano devido às incertezas das eleições presidenciais. ;Vemos o cenário para as eleições cada vez mais aberto;, afirmou.
Lisa destacou que, devido aos vários adiamentos da votação da reforma no ano passado, será muito mais difícil que a proposta seja aprovada neste ano. ;Acreditamos que será muito difícil aprovar (a reforma da Previdência) neste ano;, disse.
A diretora da S fez elogios rasgados ao Banco Central e sua política monetária que resultou em uma inflação, pela primeira vez, abaixo do piso da meta, de 3%. ;Um dos pontos de credibilidade é a política monetária;, disse Lisa, destacando como um dos principais pontos positivos da análise feita pela agência.
A executiva demonstrou preocupação com os escândalos de corrupção envolvendo integrantes do Congresso e do governo e reforçou os motivos apontados na nota para o rebaixamento foi justamente o ritmo ;mais lento do que o esperado; na agenda de reformas para recuperar o equilíbrio fiscal do país.
A S foi a primeira agência a conceder o grau de investimento para o Brasil, em 2007, e, em 2015, também foi a primeira a retirar a mesma nota. O país perdeu o selo de bom pagador em setembro de 2015 e foi rebaixado pela segunda vez pela agência no início de 2016. As notas das demais agências norte-americanas, Moody;s e Fitch Ratings, estão a dois degraus abaixo do grau de investimento e a expectativa é que elas façam o mesmo que a S.
O governo deu sinalizações ontem que de, com esse rebaixamento, as chances de aprovação da reforma previdenciária poderiam aumentar neste ano. No entanto, o diretor para as Américas da Eurasia Group, Christopher Garman, avaliou que essa medida não deverá gerar mais urgência para a reforma da Previdência. ;A decisão da S não vai mudar as discussões de curto prazo no Congresso sobre a reforma, muito menos afetar o potencial de candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles;, disse ele, acrescentando que manteve em 30% as chances de aprovação da reforma previdenciária neste ano. ;Meirelles não deve decolar porque está muito fortemente associado ao governo e também é a cara do establishment. Isso não muda. E muito menos como ministro;, afirmou Garman ao Correio.