Jornal Correio Braziliense

Economia

Após dois anos de sufoco, varejo recupera fôlego em todos os setores

Depois de dois anos de sufoco, com recordes negativos, varejo recupera fôlego em todos os setores, abre lojas e volta a contratar. Projeções indicam que 2018 será ainda melhor



O Magazine Luiza aproveitou a onda positiva. Entre julho e setembro, a empresa alcançou a maior taxa de crescimento dos últimos cinco anos, de 27%, mesmo considerando uma base de comparação maior (10,8% no terceiro trimestre/2016) e o fim dos saques do FGTS em julho. Também foi no terceiro trimestre que a rede registrou lucro de R$ 92,5 milhões, o maior de sua história.

Como resultado do momento favorável, o Magazine abriu 39 lojas nos últimos 12 meses, totalizando 830 pontos de venda em 16 estados do país. ;O ano de 2017 foi fantástico para a nossa empresa;, diz Frederico Trajano, presidente da empresa. ;Além disso, as perspectivas para o varejo são ótimas. Acredito que 2018 será um ano que nos fará esquecer a crise recente, com a volta dos bons indicadores ao varejo.;

Confiança em alta


A continuidade do cenário positivo, segundo o consultor Marcos Gouvêa, vai depender da manutenção da confiança dos consumidores. O índice vem se recuperando fortemente desde o primeiro semestre do ano, ainda que tenha passado por momentos de oscilação negativa, mas com clara tendência de recuperação. Outro ponto que pode atrapalhar, diz o consultor, é o fato de as taxas de juros (apesar da redução da Selic), ainda estarem altas para o consumidor final, que já enfrenta um crédito escasso e extremamente controlado.

Além disso, pontua o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, a não aprovação das reformas estruturais, em especial a da Previdência, pode atrapalhar o desempenho não só do comércio, mas de toda a economia em 2018. ;O Banco Central deixou claro que a redução de juros não deve prosseguir se o governo não conseguir acertar as contas da Previdência;, salienta o economista.

O que chama a atenção, afirmam os especialistas, é o fato de todas projeções de vendas apontarem para cima. Gouvêa acredita que o crescimento do varejo no país deve ficar em torno de 3% em 2018. Antes disso, as vendas do Natal devem acelerar entre 4% e 5%. ;O importante não é a variação, mas a consolidação da tendência de anos melhores;, diz o consultor. ;Acho que os empresários do varejo têm que comemorar sim, mas com parcimônia;, conclui Marcel Solimeo, da Associação Comercial.