Mais da metade dos smartphones em circulação no mundo são de marcas chinesas. No Brasil, o índice é inferior a 20%, mas os números são crescentes. Uma das razões para a maior procura dos produtos do país da Muralha é o preço dos aparelhos de marcas consagradas. Na sexta-feira 1o, começou no mercado brasileiro a pré-venda do iPhone X, a novidade de fim de ano da Apple. Em lojas como Fast Shop, Submarino, Extra, Americanas e Casas Bahia, os valores médios são de R$ 7 mil pela versão com 64 GB e R$ 7,8 mil pela de 256 GB, cifras que criam um patamar inédito de preços.
Basta dar uma espiada em sites como Ali Express e Gearbest para entender o fenômeno da invasão dos celulares chineses. O aparelho V7%2b, da marca Vivo (não confundir com a operadora de telefonia), tem configurações parecidas com o modelo mais simples do Iphone X, como tela full HD de 6 polegadas e 64 GB de memória para armazenamento. No site Gearbest, o preço sugerido é em torno de R$ 1,3 mil. O comprador paga ainda o imposto estipulado pela Receita Federal, fixado em 60% sobre o valor do produto e a ser pago em dinheiro na agência dos Correios onde for feita a entrega pela loja virtual. No final, o celular chinês custa algo como R$ 2 mil.
;Essas comparações nem sempre são justas;, diz Eduardo Tancinsky, consultor especializado em marcas e tecnologia. ;Ainda não é possível comparar a qualidade de um celular chinês com um equivalente das fabricantes mais tradicionais.; Também entra nessa conta, diz ele, o fetiche que grifes como Apple ainda despertam, embora a aura mitológica da empresa tenha diminuído depois da morte de Steve Jobs. ;Nós nascemos para conquistar o mundo;, disse em um evento recente Lei Jun, fundador e presidente da Xiaomi. Jun é um imitador de Jobs. Ao lançar um produto, promove as mesmas apresentações barulhentas do criador da Apple e gosta de fazer o estilo descolado.
Se o mercado brasileiro é crescente, por que os fabricantes da China não se estabelecem de vez por aqui? Fazer isso resultaria em mudar a estratégia de negócios dos chineses, que consiste em conceber o projeto e produzi-lo no próprio país. Além disso, muitos fabricantes já tiveram dificuldades no mercado brasileiro, o que fez com que gigantes como a Xiaomi segurassem seus investimentos previstos para o Brasil.
O especialista Tancinsky lembra que há uma ironia na resistência das pessoas em comprar um smartphone chinês. Hoje em dia, diz ele, praticamente todos os celulares à venda no Brasil são fabricados na China ou têm seus principais componentes produzidos por lá. Apple, Samsung, Motorola e LG, para citar os líderes de mercado, precisam das fábricas chinesas para atender à demanda global.
A China vive uma era de ouro na tecnologia, fenômeno que já está sendo chamado de ;chinese dream; (sonho chinês). Nenhum país do mundo investe tanto em pesquisa e desenvolvimento. São US$ 200 bilhões por ano, dez vezes mais do que há uma década. Também nenhuma nação avança tanto nos rankings globais de inovação. Recentemente, o Partido Comunista chinês lançou um desafio: fazer do país líder global em inteligência artificial até 2030. É bom não duvidar.
Os mais procurados
Modelo: Mi 6
Fabricante: Xiaomi
Características: Tela Full HD de 5,1 polegadas, câmera de 12 megapixels e 64 GB de memória
Preço médio: R$ 1, 6 mil
Modelo: OnePlus 5
Fabricante: OnePlus
Características: Tela Full HD de 5,5 polegadas, câmera de 16 megapixels e 128 GB de memória
Preço médio: R$ 2 mil