A primeira delas será concentrada na liberação das emendas prometidas nas duas últimas guerras: as denúncias apresentadas contra Michel Temer pela Procuradoria-Geral da República. ;Temos que mapear o que ainda não foi cumprido para ir atrás;, afirma o deputado Beto Mansur (PRB-SP), fiel aliado de Temer no campo de batalha.
A segunda atuação ganhou mais força ontem, depois do encontro de Temer com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), mesmo sem grandes comprometimentos por parte do tucano. A retirada estratégica dos integrantes do partido da arena de luta abre espaço para que deputados descontentes do centrão possam assumir um posicionamento com mais destaque. O primeiro a dar um passo à frente deve ser o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), pronto para assumir a vaga de Antônio Imbassahy (PSDB-BA) na Secretaria de Governo. A vaga no Ministério dos Direitos Humanos também ficará disponível para agradar aos ávidos a deixarem o papel de coadjuvante.
Os tucanos são fundamentais na terceira e mais difícil frente de batalha. Historicamente defensor das mudanças, se o PSDB fechar questão pela reforma, governistas acreditam que será mais fácil convencer os deputados da base de que o voto ;sim; às mudanças nas aposentadorias não significa a forca eleitoral. Entretanto, nem os mais otimistas no PSDB acreditam em um número maior de 30 dos 46 votos possíveis na bancada. ;O Alckmin tem o respeito de todos no partido e, de fato, pode conseguir um voto ali, outro aqui, mas duvide que mude muito o cenário. Pode-se pedir qualquer coisa para um político, menos o suicídio eleitoral;, afirma um tucano que prefere o anonimato.
O principal caminho para o governo é mostrar aos parlamentares que estão preocupados com as urnas no ano que vem que, se a reforma da Previdência não for aprovada, a recuperação econômica vai ruir e o futuro será ruim para todo mundo. Neste momento, o cenário ideal vem ocorrendo: inflação baixa, queda de desemprego e a manutenção de um Produto Interno Bruto em crescimento sustentável. Entretanto, o mercado financeiro caminha baseado na expectativa de aprovação da reforma. Se ela não acontecer, o efeito é inverso. Na análise de interlocutores do presidente, todos cairão na trincheira das urnas: situação, oposições e indecisos.
Urnas
E é justamente o medo das urnas que faz com que parte da base governista mude de lado e ajude a oposição a barrar a reforma. ;Os deputados acreditam que o país não vai piorar nos próximos nove, 10 meses, o tempo até a eleição. E o desgaste do ano já foi demais para qualquer político. A reforma da Previdência só passa se vier de fora. Se vier das ruas para o Congresso e não do Planalto;, afirma um aliado reservadamente. O discurso do parlamentar é repetido por vários outros que, inclusive, defendem, então, que o tema seja votado no fim de 2018, depois do crivo das urnas.
Se mesmo com a empreitada, o exército dos 308 de Temer não se formar para enfrentar a reforma da Previdência na semana do dia 12, o almoço e o jantar, hoje, servirão para dividir responsabilidades. Os discursos da derrota momentânea já começam a ser traçados por aliados para que, entre mortos e feridos, alguns ainda consigam escapar da morte eleitoral.
O jantar, patrocinado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), contará com a presença dos presidentes de partidos, de ministros com influência política, além do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). ;Funcionará como um pente grosso para saber quem precisará fazer o quê. A partir das estratégias, cada um dos soldados sairá a campo para convencer as pessoas. No outro domingo, dia 10, será a vez do pente-fino para descobrir o que falta;, diz um aliado do presidente.
Para o professor de economia do Ibmec-MG Adriano Gianturco se houver brecha, o governo Temer tentará aprovar alguma coisa da reforma da Previdência. ;No ano que vem, mais provavelmente alguma coisa pode ser aprovada, mas algo muito aquém do que o planejado anteriormente;, ressalta.