Jornal Correio Braziliense

Economia

IBGE revisa PIB e economia teve queda menor que a anunciada em 2015: 3,5%

Pelos números divulgados, é possível constatar que o consumo das famílias, que representa 62,5% do PIB, caiu 3,2% em 2015, registrando a primeira queda desde o -0,4% de 2003


A revisão do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) relativo a 2015 mostrou que a economia do país caiu naquele ano em volume 3,5% e não 3,8%. A constatação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou hoje (9), no Rio de Janeiro, O Sistema de Contas Nacionais 2010-2015. Revisados, os números indicam que o PIB de 2015 fechou em R$ 5,996 trilhões.

Os dados do Sistema de Contas Nacionais são sempre revisadas pelo IBGE durante os dois anos subsequentes ao período de referência (2015), ;com a finalidade de apresentar um resultado mais detalhado e estruturado da situação econômica do país;.

As informações revisadas indicam que a maior queda por setor em 2015 ocorreu na indústria (5,8% em relação a 2014), seguida pela agropecuária (3,3%) e serviços ( 2,7%), o primeiro resultado negativo na série com início em 1996.

O PIB per capita caiu 4,3% fechando em R$ 29,324 mil, em relação a 2014 ; a maior queda desse indicador desde o início da série histórica em 1996. Segundo os números hoje divulgados, as quedas mais recentes ocorreram em 2014 (-0,4%), 2009 (-1,2%) e 2003 (-0,2%).

Pelos números divulgados, é possível constatar que o consumo das famílias, que representa 62,5% do PIB, caiu 3,2% em 2015, registrando a primeira queda desde o -0,4% de 2003. A taxa de investimento recuou para 17,8%, um recuo que chega a 3,1 pontos percentuais em relação ao pico da série histórica em 2013, quando a taxa de investimentos chegou a 20,9%.

Apesar da queda de 3,2% no volume do consumo das famílias entre 2014 e 2015, ainda no âmbito das famílias, a poupança teve aumento nominal de 25,2%, na mesma base de comparação.

Para o gerente de Contas Nacionais do IBGE, Carlos Sobral, ;o fato de 2015 ter sido um ano de crise fez com que as famílias controlassem os gastos. Além disso, em termos nominais, o crescimento da poupança é decorrência do aumento de 6,4% na renda, superior ao do consumo que cresceu naquele ano 5,4%;.

Setor externo contribui para o PIB

A revisão dos dados relativos ao Sistema de Contas Nacionais indica que o setor externo foi o único a contribuir positivamente para o PIB de 2015, com crescimento de 6,8% no volume exportado de bens e serviços, enquanto as importações fechavam em queda de 14,2% - a maior baixa desde os -15,1% de 1999.

Entre as empresas do setor financeiro, o valor adicionado bruto registrou crescimento nominal de 14,7% e alcançou R$ 363 bilhões. Contribuíram para esse resultado as altas na taxa Selic, de 11,8% para 14,3%, na taxa de juros para pessoas físicas, de 31,2% para 35,7%, e na taxa de juros para pessoas jurídicas, de 16,6% para 19,5%.

Serviços caem

Quanto ao setor de serviços, que teve a primeira queda da série iniciada em 1996, das sete atividades pesquisadas, apenas a atividade administração, defesa, saúde, educação pública e seguridade social fechou com crescimento em relação a 2014: 0,2%.

Já a queda de 7,3% do setor de comércio foi influenciada pela retração nas vendas de produtos industriais. As atividades de comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores e comércio/reparação de veículos automotores e motocicletas, responderam por aproximadamente metade (1,4 ponto percentual) da queda do valor adicionado bruto dos serviços.

Responsável por 62,5% do PIB, a queda de 3,2% no consumo das famílias exerceu o principal impacto negativo na composição do PIB de 2015. Foi a primeira queda desde o -0,4% de 2003.