Inflação da moda é a mais baixa da história. O preço de roupas, calçados e acessórios, no acumulado de 12 meses encerrados em setembro, aumentou, em média, 2,18% ; a menor variação em toda a série do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ; enquanto a alta do custo de vida no período ficou em 2,54%.
O movimento de baixa, que ocorre desde fevereiro de 2014, está disseminado. Em média, o preço de roupas masculinas apresentou alta de 2,04%, no acumulado em 12 meses encerrados em setembro. Entre as peças femininas, foi de 1,04%, havendo inclusive deflação em algumas peças, como vestidos, cujos preços recuaram 2,74%, e saias, que caíram 0,94%.
Diante da proximidade do fim do ano, o momento é oportuno para adiantar compras de Natal e de confraternizações, ressalta o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes. Mesmo que a desaceleração esteja associada à mudança de estação, é possível aproveitar o momento.
O princípio de retomada da economia, com queda do desemprego e dos juros, e a mudança de estação podem, no entanto, inverter esse movimento, já que parte da redução de preços no segmento está ancorada na baixa demanda. A volta das famílias ao mercado de consumo, depois de dois anos com o pé no freio das compras de produtos não essenciais, pode estimular o encarecimento de produtos.
Lançamentos
Bentes chama atenção que outubro é marcado pelo lançamento da coleção de verão. Portanto, há perspectiva de que os custos de determinadas peças subam. ;Do ponto de vista orçamentário, e do instinto de preservação, quem puder comprar agora fará um bom negócio;, avalia. Quem não puder comprar uma peça de roupa por agora, no entanto, poderá encontrar boas ofertas durante a Black Friday, em novembro. ;É uma boa oportunidade para assegurar uma economia ao bolso;, ressalta o economista da CNC.
Ainda sem sentir alívio no orçamento familiar, o professor Vinícius Batista, 31 anos, fez uma opção pela paciência. Se disciplinou a comprar menos roupas para ele e a família, faz pesquisa em busca de preços mais em conta e aprendeu a barganhar. ;Sempre peço para reduzir o preço e acabo conseguindo um valor que me deixa satisfeito;, afirma. Outra hábito adotado por ele é deixar uma reserva financeira separada para evitar usar o cartão de crédito.
Para Bentes, a ainda fraca demanda, a virada de estação e a variação de preços abaixo da inflação fazem o momento ser favorável ao consumidor e à barganha nas lojas.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira
; Menos receita
A redução de preços dos produtos de vestuário por meio de descontos acaba gerando menor entrada de dinheiro no caixa do comércio. O presidente da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), George Pinheiro, avalia que, apesar disso, os empresários não têm muito a reclamar, e podem assegurar um aumento nas vendas em 2017 na comparação com o ano anterior. ;É um momento muito bom. Os preços desaceleraram, os juros caíram, e isso vai ajudar a elevar a demanda por roupas e recolocar a economia em rota de crescimento.;