Uma das ideias é proibir a aplicação do CDC em contratos de planos de saúde, com o objetivo de diminuir a judicialização do tema. Outro ponto, tão controverso quanto o primeiro, permite que as mensalidades sejam reajustadas mesmo depois de o beneficiário completar 60 anos, o que hoje é proibido pelo Estatuto do Idoso. O temor dos especialistas é que, com esse dispositivo, os idosos sejam expulsos dos planos logo na fase em que mais precisam, porque não terão condições de pagá-los. A ideia do relator é escalonar os aumentos, que costumam ser muito altos quando os beneficiários completam 59 anos.
É praticamente consenso que a Lei n; 9.656, de 1998, que rege os planos de saúde, precisa ser atualizada ; não à toa, o texto em discussão na comissão especial reúne cerca de 140 sugestões de mudanças. Também é fato que a judicialização do tema aumenta a cada ano, corroborado pelo estudo ;Justiça em Números;, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O levantamento mostra que as demandas judiciais sobre o assunto mais que dobraram entre 2014 e 2016: de 209,4 mil para 427,3 mil.
Entidades de defesa do consumidor alegam que a atualização da lei deveria focar em coibir abusos por parte dos planos. ;Como a negativa de cobertura e os reajustes indevidos;, citou o representante do Movimento Chega de Descaso, Leandro Farias. Já os empresários do setor de saúde suplementar afirmam que ;muitas decisões judiciais não respeitam a lei;, como disse ontem José Luiz Toro da Silva, consultor jurídico nacional da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas).
R$ 10 bi para ministérios
O governo vai liberar a maior parte dos R$ 12,8 bilhões previstos no descontingenciamento do Orçamento para atender demandas prioritárias dos ministérios. Serão destinados às pastas cerca de R$ 10 bilhões, e o restante ficará na reserva para atender demandas que estão sendo avaliadas. A portaria única ampliando os limites dos órgãos do Executivo sai na edição do Diário Oficial da União (DOU) de hoje. O bloqueio era de R$ 45 bilhões, e a demanda por recursos, de R$ 30 bilhões. Serão atendidas, primeiramente, as despesas com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), segurança do espaço aéreo, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), segurança pública e saúde. Se houver frustração de receitas até o fim do ano, a margem no Orçamento para evitar estouro da meta fiscal ; de um deficit de R$ 159 bilhões ; agora é de apenas R$ 2,8 bilhões.