A jabuticaba deve ser consumida, de preferência, assim que colhida, para evitar a fermentação. O que poderia ser um problema, tornou-se o maior sucesso da Fazenda e Vinícola Jabuticabal. Na temporada de colheita, que começou oficialmente na última quinta-feira, a fazenda chega a receber até 3 mil pessoas em um único fim de semana. Cerca de 20% dos visitantes são do Distrito Federal. Para conhecer a plantação, são cobrados R$ 30 por pessoa, valor que dá ao visitante o direito de comer quantas jabuticabas quiser. Levar as frutinhas para casa tem valor adicional ; o quilo é vendido por R$ 7.
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Do alto de um mirante, é possível ter uma bela vista de boa parte da plantação. A infraestrutura inclui wi-fi em toda a fazenda, restaurante, sorveteria, cafeteria e uma loja para a venda dos produtos feitos de jabuticaba. Mas é a chance de estar no pomar, embaixo de árvores frondosas e nas proximidades do Rio Dourado, que corta a propriedade, que faz da fazenda um exemplo de empreendimento familiar de sucesso. O manejo é feito de forma natural, sem o uso de herbicidas ou inseticidas ; cuidado essencial para que a fazenda receba a certificação de produção orgânica. ;O turismo é nosso principal negócio e o selo orgânico é importante para dar mais credibilidade ao empreendimento;, explica o proprietário da fazenda, Paulo Antônio Silva.
Além da exploração do turismo e da venda da fruta in natura, o negócio inclui a comercialização de uma série de produtos fabricados na própria fazenda. O leque vai de itens mais tradicionais e conhecidos, como cachaça, licor e geleia, até o vinho, denominado Javine, com 11% de teor alcoólico. Uma linha de produtos terceirizados completa a exploração da marca Jabuticabal. Empresas contratadas fabricam cosméticos e produtos de higiene pessoal, feitos com óleo extraído da folha de jabuticaba, como creme para as mãos, sabonete líquido e xampu. Na semana passada, em parceria com uma empresa de Goiânia, foram lançados dois tipos de drinks de café. ;O Mokaba tem geleia de jabuticaba e o Jabuticabal é feito com o licor da fruta;, explica Silva.
O produtor não conhece a palavra crise. Durante os períodos de entressafra da fruta, a fazenda Jabuticabal é aberta, de sexta-feira a domingo, ao preço de R$ 5 mil o aluguel, para retiros espirituais organizados por grupos religiosos. São 160 leitos no dormitório e outros 34, disponíveis em duas casas. Geralmente, os grupos vêm de Anápolis e de Goiânia, mas o proprietário já recebeu congregações de Brasília. Já para as excursões à fazenda, com duração de um dia, Silva prepara um receptivo e uma programação diferenciada, que pode incluir performance musical e palestra sobre a plantação e a história da fazenda, dependendo dos interesses do grupo.
Pesquisas
A fazenda também é um laboratório de campo para universitários, principalmente das faculdades de agronomia, de acordo com Leandra Regina Semensato, professora de fruticultura do Centro Universitário de Goiás (Uni-Anhanguera). Ela mesma fez a tese de doutorado com base em uma pesquisa realizada na fazenda Jabuticabal. Agora, juntamente com Camila Marilac, professora de genética e melhoramento de plantas, Leandra coordena uma pesquisa com foco na produção de jabuticaba o ano inteiro, com mais produtividade e qualidade. ;Vamos separar 50 árvores de um talhão para pesquisar a reprodutividade e o desenvolvimento da fruta;, explicou.
No grupo de quatro alunos que vão desenvolver o trabalho nos próximos três anos, tese de conclusão do curso, está a estudante do quarto período de agronomia Ana Paula, 20 anos, filha do proprietário da fazenda Jabuticabal. ;É uma oportunidade única poder fazer essa pesquisa com o intuito de ampliar mais a área de trabalho na fazenda;, disse.