Jornal Correio Braziliense

Economia

Governo tenta retomar reforma da Previdência

Mas os planos no governo devem esbarrar em um Congresso cada vez mais focado na reforma política, que precisa ser aprovada até o início de outubro e mexe diretamente com os interesses dos parlamentares

O governo pretende intensificar nesta semana as negociações com os parlamentares para retomar a votação da reforma da Previdência. A intenção é dar sinais positivos ao mercado e aos investidores, depois de a equipe econômica ter precisado anunciar uma ampliação na previsão de rombo nas contas neste e nos próximos três anos.

Mas os planos no governo devem esbarrar em um Congresso cada vez mais focado na reforma política, que precisa ser aprovada até o início de outubro e mexe diretamente com os interesses dos parlamentares.

"A reforma da Previdência está parada. Não adianta ficar mexendo nisso agora, porque a gente não está com essa pauta. Tem reforma política, meta fiscal na frente. Não dá para discutir isso agora", afirmou Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara e um dos responsáveis por contabilizar votos que o governo tem para aprovar a matéria.

As articulações pela reforma da Previdência ficaram completamente paralisadas após o estouro da crise política com as delações dos executivos da JBS, que implicaram o presidente Michel Temer. Com a rejeição da denúncia contra Temer pela Câmara dos Deputados, a intenção do governo é retomar as conversas pela aprovação das mudanças nas regras de aposentadoria e pensões no Brasil, que atacam o principal gasto no Orçamento do País.

Mas o governo está longe de ter os 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma. Pelas contas de Mansur, o governo só tem hoje 220 votos a favor do texto aprovado na comissão especial. Esse número é até menor do que os cerca de 250 que eram contabilizados antes do episódio JBS.


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Integrantes do governo reconhecem nos bastidores que a reforma política e a mudança nas metas fiscais para 2017 e 2018 dominaram as discussões nos últimos dias e acabaram atrapalhando as conversas, mas o objetivo é tentar reverter esse jogo. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, os principais defensores da reforma dentro do governo já se reuniram com parlamentares do PMDB, do PSDB e do DEM e deputados de partidos menores para buscar apoio.

A avaliação do governo é de que, embora a reforma política e a discussão sobre a meta tenham atrasado a retomada da Previdência, a estratégia a ser mantida é a mesma. A percepção da área econômica é que há um clima mais favorável à votação. O engajamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como uma espécie de porta-voz pela aprovação da reforma da Previdência, é um fator positivo nesse trabalho.