O Bandeiras é um vinho especial produzido com uvas barbera, da Itália. O nome faz referência aos bandeirantes, desbravadores da região onde as uvas são cultivadas. O produto é vendido por R$ 140, a garrafa. Já o Intrépido, que custa R$ 170, é fabricado com uvas francesas syrah. O nome remete ao pioneirismo do vinicultor ao produzir vinho na região de cerrado.
Marcelo de Souza, que também é médico, fez pesquisas para encontrar o melhor local para iniciar o projeto de vitivinicultura na década de 1990. Até que encontrou uma propriedade de 3,3 hectares, em Cocalzinho de Goiás, que reunia as condições propícias para a produção de vinho. O terroir foi denominado Vinícola Pireneus e, em 2005, foi feito o primeiro plantio. ;Meu objetivo era produzir uvas viníferas com alto grau de maturidade e utilizá-las integralmente na produção de vinhos mais maduros;, explicou.
[VIDEO1]
Na primeira safra, em 2012, foram produzidos 4.500 litros da bebida. No ano passado, a produção atingiu 8 mil litros e, por enquanto, a capacidade é de 12 mil garrafas. A primeira área da fazenda tem 2.500 plantas por hectare, cada uma a uma distância de um metro e meio da outra.
Um projeto de expansão prevê a otimização da área, com o plantio de 5.000 mudas por hectare. O número de trabalhadores na fazenda chega a 20, contratados por temporada, de acordo com a atividade a ser realizada. Na época de colheita, em agosto e setembro, o total de empregados chega ao máximo. ;Produzir vinho é uma atividade muito especializada;, sentencia Souza.
Prêmios
Os vinhos brasileiros são considerados de qualidade. Os números das exportações para o mercado externo refletem a cada vez maior aceitação internacional da produção nacional, mesmo em mercados considerados bastante competitivos, como Estados Unidos, Europa e Ásia. Em 2016, as exportações cresceram 45% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 5,9 milhões, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Também houve alta de 43% no volume comercializado, com 2,2 milhões de litros, e no preço médio do litro exportado, que passou de US$ 2,57 para US$ 2,61.
O Ibravin realiza diversas ações para impulsionar as vendas do produto brasileiro no mercado internacional. A entidade trabalha, sobretudo, em cima de um diferencial, ao promover o vinho nacional, em feiras e festivais, como um produto jovem, descomplicado, fácil e versátil, características geralmente associadas ao Brasil. Uma estratégia que vem dando certo é a indicação de vinhos brasileiros como alternativa para a harmonização com os pratos servidos em restaurantes e churrascarias de redes nacionais abertos fora do Brasil, principalmente nos Estados Unidos, o maior consumidor mundial de vinhos e segundo maior importador de vinhos brasileiros.
No mercado interno, em 2016 houve recuo de 18% nas vendas de vinhos e espumantes em relação a 2015. A quebra de safra, de 57%, a maior da história desde a década de 1960, foi um dos principais motivos do resultado negativo. O setor lista também como fatores para a retração interna o agravamento da crise econômica, o aumento de impostos e o desemprego, além da queda do poder aquisitivo das pessoas.
O cenário interno tem ainda mais um complicador: o consumo per capita anual de vinhos pelos brasileiros é de cerca de dois litros, quantidade estável há mais de uma década e bem inferior ao de países europeus. Nesse montante, está incluído o consumo de produtos nacionais e importados. Em Portugal, o consumo por pessoa é de 54 litros por ano. ;Nosso grande desafio é fazer o brasileiro consumir mais vinho. Não temos a cultura do vinho, como argentinos, chilenos e uruguaios;, diz o presidente do Ibravin.