Após recuar durante toda a tarde desta sexta-feira (11/8) o dólar acabou fechando em leve alta com os investidores cautelosos ao entrar no fim de semana depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que, se as ameaças da Coreia do Norte continuarem, o ditador Kim Jong-un se arrependerá rapidamente, de acordo com um gerente de mesa de derivativos. Internamente, o tom de cautela veio com os investidores em compasso de espera pelo anúncio de mudança na meta fiscal de 2017 e 2018, previsto para segunda-feira. O viés de baixa, no entanto, prevaleceu durante a maior parte do dia refletindo a desvalorização da moeda americana ao redor do mundo diante de mais um dado fraco de inflação ao consumidor nos EUA, o que impõe incertezas quanto aos próximos apertos monetários no país.
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Trump disse na última meia hora antes do fechamento do câmbio que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, vai se "arrepender rapidamente" se continuar com suas ameaças aos territórios norte-americanos e seus aliados, em mais um alerta de que Washington está disposta a agir contra a nação nuclearmente armada.
O dia até então tinha sido relativamente calmo em relação às tensões geopolíticas. Profissionais de mercado disseram que esta aparente tranquilidade durante a tarde possibilitou a moeda americana - que operou com volatilidade pela manhã - cair em torno de 0,40%, após três dias de altas consecutivas (%2b1,44%). O movimento vendedor foi acompanhado ainda pela desvalorização do dólar no mundo, após mais um dado de inflação abaixo do esperado
A nova rodada de dados fracos de inflação nos EUA enfraqueceu as chances de o Federal Reserve (Fed) elevar os juros neste ano. De acordo com dados compilados pelo CME Group, a possibilidade de o banco central apertar a política monetária em dezembro caiu de 46,8% para 35,9%, após o dado.
O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,1% em julho ante junho, ante previsão de alta de 0,2%, enquanto o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, também avançou 0,1%, ante expectativa de 0,2%. Na comparação anual em julho, o núcleo do CPI avançou 1,7%, abaixo da meta do Fed de 2%.
"Embora ainda exista a crença de mais um alta de juros neste ano, ela esta cada vez mais fraca e se os próximos dados continuarem desta maneira, não devemos ver este aumento", disse o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado Neto.
Na última hora antes do fechamento, porém, as perdas foram reduzidas em meio à cautela em relação à situação fiscal do País. O mercado segue atento ao anúncio de revisão de meta fiscal, que poderá mostrar aumento de R$ 20 bilhões no déficit em 2017 e de mais R$ 20 bilhões em 2018, passando para R$ 159 bilhões e R$ 149 bilhões, respectivamente.
"Embora um aumento de R$ 20 bilhões na meta fiscal de 2017 esteja no preço, a questão chave que tem deixado gerado cautela é 2018, porque o mercado quer ver uma evolução da saúde dos gastos públicos", disse Machado Neto, da H.Commcor.
No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,13%, aos R$ 3,1791. O giro financeiro somou US$ 1,39 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1555 (-0,61%) e, na máxima, aos R$ 3,1812 ( 0,19%).
No mercado futuro, o dólar para setembro subiu 0,53%, aos R$ 3,2055. O volume financeiro movimentado somou US$ 17,49 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1680 (-0,64%) a R$ 3,2315 ( 1,34%).