Após operar com viés de baixa durante à tarde, o dólar passou a subir na última hora de negociação nesta terça-feira (1;/8) com o mercado em compasso de espera pela votação da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara, amanhã. Além de certa cautela - uma vez que a margem de votos tende a mostrar o tamanho da força que o governo possui em relação à aprovação da reforma da Previdência -, o viés de alta foi impulsionado ainda pela retração do petróleo em torno de 2% e pelo avanço da moeda americana ante as principais moedas emergentes e ligadas a commodities.
O governo precisa de 172 votos para barrar a denúncia, número que especialistas do mercado acreditam que Temer deverá conseguir. Segundo o diretor de câmbio da Abrão Filho, Fernando Oliveira, mais importante do que conseguir barrar a denúncia é ver a quantidade de votos favoráveis a Temer. "Se o governo conseguir em torno de 300 votos, o mercado poderá vislumbrar uma aprovação da reforma da Previdência, mesmo que seja diluída. Agora se os votos ficarem em torno de 200, será difícil as reformas passarem", apontou Oliveira. A sessão na Câmara está prevista para começar às 9h.
Para o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado Neto, o governo está confiante com o placar. A oposição, por sua vez, tem tentado não garantir quórum para a sessão. "A oposição tem feito o seu papel, mas Temer deve conseguir barrar a denúncia. Caso isso não aconteça, talvez tenhamos uma reversão do movimento do dólar, mas dificilmente uma reversão da trajetória", explicou Machado Neto.
No cenário econômico, ambos os profissionais destacaram que uma possível mudança na meta fiscal é algo que o mercado já avalia como inevitável, passando do atual valor aprovado pelo Congresso de R$ 139 bilhões para até R$ 159 bilhões. "O compromisso da equipe econômica em controlar a questão fiscal tem sido boa e o mercado talvez aceite essa revisão. É melhor rever rapidamente a meta do que chegar até o fim do ano e não cumprir efetivamente", disse Oliveira, da Abrão Filho. O operador da H.Commcor tem a mesma opinião, acrescentando que, embora seja negativa, uma revisão ainda é melhor do que uma paralisação do governo.
O viés de alta foi ajudado também pela queda em torno de 2% do petróleo. Além disso, o dólar no exterior teve um dia de recuperação das perdas recentes, mesmo após dados abaixo do esperado da economia dos EUA terem pressionado a moeda pela manhã.
No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,18%, aos R$ 3,1257. O giro financeiro somou US$ 719,4 milhões. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1081 (-0,38%) e, na máxima, aos R$ 3,1277 (%2b0,24%).
No mercado futuro, o dólar para setembro caiu 0,06%, aos R$ 3,1490. O volume financeiro movimentado somou US$ 12,27 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1265 (-0,65%) a R$ 3,1490 ( 0,06%).