O cenário para o algodão brasileiro é altamente favorável. A colheita deste ano deve atingir 1,5 milhão de toneladas da pluma, uma safra 20% maior do que a anterior mesmo com área cultivada 4% menor. O país, que já é o quinto produtor global e o quarto exportador mundial de algodão, deve dar um salto na exportação em 2018, estima a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que realizou a Missão Compradores 2017, com 15 representantes dos países que fazem parte dos 10 maiores compradores do algodão brasileiro.
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O Distrito Federal não tem plantação de algodão, somente o cultivo para a produção de sementes. Mesmo assim, a capital federal é parada obrigatória para o algodão brasileiro destinado ao mercado internacional.
No Núcleo Bandeirante está localizado o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA). Inaugurado no final do ano passado, o centro é referência na padronização das análises de fibra para os laboratórios que atendem aos produtores de algodão. O centro faz auditorias nos resultados apresentados pelos laboratórios do país, que realizam testes de qualidade.
[SAIBAMAIS]O CBRA custou R$ 9 milhões e tem duas máquinas, com capacidade para atender 100% da safra nacional. A sua implantação faz parte de um programa de qualidade da Abrapa, visando garantir padronização, transparência, credibilidade e qualidade da fibra brasileira para o mercado externo. Com o centro, o Brasil avança nos processos que envolvem a cadeia produtiva do algodão. Os testes obrigatórios no algodão que é exportado são feitos em 13 laboratórios no país. Como os resultados apresentados podem ser diferentes, o CBRA equaliza os parâmetros e orienta os laboratórios em melhorias operacionais.
Os testes no CBRA analisam características que identificam a qualidade da fibra de algodão, como cor, tamanho, comprimento, formato, resistência e impurezas da pluma. Além de exigir altos padrões de qualidade, o mercado internacional busca uniformidade. A padronização indica que os resultados apresentados pelos laboratórios terão que ser os mesmos dos obtidos no CBRA. ;O comprador estrangeiro quer garantias de que o fardo que chegará ao seu país é o mesmo que ele comprou. O sistema permite que o comprador conheça os dados do algodão auditados pelo CBRA;, explica o presidente da Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura.
O centro de Brasília foi um dos locais visitados pela comitiva da Missão Comprador 2017 da Abrapa. A agenda dos compradores permitiu que eles conhecessem desde lavouras de algodão no cerrado até a vasta tecnologia investida por produtores locais.
Depois da passagem por Brasília, onde conheceram o CBRA, os compradores visitaram a Fazenda Pamplona, do Grupo SLC, e o Laboratório da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), em Goiás, além de fazendas e feiras no Mato Grosso.
A Missão Compradores, diz Moura, da Abrapa, tem trazido bons resultados para os negócios. A entidade contabiliza o aumento de negócios no país dos representantes estrangeiros das indústrias de fiação e traders da commodity. ;Quando se está do outro lado do mundo e do outro lado do balcão, nem sempre é fácil entender que somos não apenas um grande produtor, mas um fornecedor de algodão de qualidade. Às vezes é preciso ver de perto para crer;, ressalta.
Certificação
O algodão é a fibra mais usada na indústria têxtil do mundo, principalmente para a fabricação de linhas, tecidos e malhas. E o Brasil responde por mais de 25% de todo o algodão Better Cotton Iniciative (BCI) ; entidade internacional que atesta a sustentabilidade da cadeia da fibra no mercado global ; e com isso é o maior produtor licenciado, com 71% de certificação. Atualmente, 81% da safra de algodão são certificadas pelo programa Algodão Brasileiro Sustentável (ABR).O Distrito Federal se diferencia pelo CBRA e também por uma área de 30 hectares na fazenda Cereal Citrus, no núcleo rural São José, entre Planaltina e Formosa, onde Oscar Stroschon aproveita uma área ociosa para efetivar o plantio do algodão convencional.
A plantação de Stroschon, no entanto, é voltada para produção de sementes. Após a colheita, as sementes são separadas das plumas e levadas para o processamento industrial, em Patos de Minas, de onde retornam limpas e classificadas. O produto é, então, embalado em sacas de 20 quilos, com a marca Semente Produtiva, vendidos para o mercado externo por cerca de US$ 80, a saca. ;O meu foco é somente a produção de sementes;, diz.
"O comprador estrangeiro quer garantias de que o fardo que chegará ao seu país é o mesmo que ele comprou"
Arlindo de Azevedo Moura, presidente da Abrapa