Com indicadores de preços registrando deflação, a conta do supermercado está dando um alívio ao bolso dos brasilienses. Ao longo desta semana, produtos de alimentação como tomate, coxa e sobrecoxa de frango e contrafilé estavam até 50% mais baratos na maioria dos estabelecimentos do Distrito Federal, segundo levantamento realizado pelo Correio. Outros itens, como arroz, leite e feijão também podiam ser comprados por valores mais acessíveis em alguns mercados.
O tomate pode ser encontrado com preços até 45% mais baixos do que semana passada. O quilo da fruta, que, no levantamento anterior, custava de R$ 2,59 a R$ 4,98, era encontrado, nesta semana, por menos de R$ 2 na maioria dos supermercados pesquisados. Já a coxa e a sobrecoxa de frango ficaram até 50% mais baratas em alguns locais. O contrafilé sofreu uma queda mais modesta, embora também significativa, e tinha preços cerca de 7% mais em conta do que na semana anterior.
O levantamento mostra a importância de o consumidor pesquisar, pois alguns produtos podem ter uma diferença de preço considerável entre um estabelecimento e outro. É o caso da batata, que apresentou queda de 50% em alguns supermercados, mas teve aumento de mais de 100% em um deles. A maçã subiu de preço na maioria dos locais pesquisados. Na semana passada, a fruta era encontrada por até R$ 4,99 o quilo; nesta semana, o valor chegou a R$ 5,98.
Mesmo com a oferta cada vez maior de promoções, os valores cobrados por boa parte dos comerciantes ainda desagradam muitos dos que frequentam supermercados, e o motivo é um só: as agruras que o brasileiro enfrenta devido à crise, que eliminou empregos e reduziu a renda das famílias. ;Mesmo já tendo caído um pouco, os preços não estão condizentes com o poder de compra dos salários. Os supermercados vêm aumentando os valores sem critério, e isso está prejudicando nosso orçamento;, desabafou o funcionário público José Élio da Cunha, 57 anos.
Controle
A mudança de hábito tornou-se uma alternativa para quem procura tirar o máximo proveito da renda familiar. A troca de produtos de marcas mais conceituadas por outras mais baratas vem se tornando recorrente para quem tem que economizar nas compras de casa. ;Eu costumava levar para casa só os produtos das melhores marcas, mas, hoje em dia, não tenho mais opção. Vou pelo valor mais baixo, mesmo;, contou a agente administrativa Ivete da Silva, 58 anos.
[SAIBAMAIS]Outra providência que os brasileiros adotaram para controlar os gastos é cortar do carrinho os produtos menos essenciais. Itens que antes faziam parte da cesta básica das famílias vem se tornando cada vez mais supérfluos e dispensáveis. Para o biomédico Luís Gustavo de Oliveira, 39 anos, essa foi a alternativa para reduzir as despesas depois da perda do emprego. ;Já que agora vivo com uma renda informal, tive que cortar produtos que considero não serem mais necessários. Vou ao supermercado com uma listinha, e compro só o que está nela;. contou.
De acordo com a educadora financeira do DSOP, Terezinha Rocha, a troca e até o corte de itens podem ajudar a poupar dinheiro. ;Apesar de termos a tendência de comprar produtos de marca, muitas vezes vale a pena optar pelo mais barato. Além disso, tirar o que é desnecessário da lista de compras pode ajudar, e muito. Temos que nos perguntar se o produto é realmente essencial ou se é só um desejo;, observou.
A educadora ainda dá outras dicas. É importante que o consumidor saia de casa com a lista de compras para não gastar mais que o esperado. ;A regra de ouro é ir ao mercado com a lista pronta e comprar só o que está contido nela. Assim, o consumidor não sai do mercado com itens desnecessários, mas só com o que de fato precisa;, disse. Além disso, é importante evitar o desperdício. ;A economia não deve ser feita só na hora das compras. Em casa, a pessoa precisa reduzir o desperdício. Priorizar produtos mais velhos e saber reaproveitá-los é um diferencial para quem quer poupar dinheiro;, completou.
* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo