Jornal Correio Braziliense

Economia

Venda de carros cresce 3,7% no primeiro semestre de 2017

A liberação do FGTS termina neste mês e, no caso das vendas diretas, uma vez que tiverem renovado suas frotas, os chamados clientes especiais vão reduzir as compras nos próximos meses

As vendas da indústria automobilística no primeiro semestre, segundo dados do mercado, aumentaram 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, com um total de 1.019,4 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Foi o primeiro resultado semestral positivo desde 2013.

O resultado traz um certo alívio para o setor, mas, na visão de analistas e de executivos da indústria, ainda é cedo para afirmar que já há uma retomada consistente do mercado, pois o cenário político ainda traz incertezas e o crédito para financiamento segue com restrições.

"Ainda há uma dificuldade em entender se o movimento é estrutural ou conjuntural", diz Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, especializado no setor automotivo.

Segundo ele, as vendas diretas (das fábricas para locadoras, frotistas, etc) seguem fortes - no mês passado, representaram 42% dos negócios. No varejo (das lojas para os consumidores), houve impulso de compras com a liberação dos saques de contas inativas do FGTS.

Os dois fenômenos não devem se repetir neste segundo semestre, avalia Nishida. A liberação do FGTS termina neste mês e, no caso das vendas diretas, uma vez que tiverem renovado suas frotas, os chamados clientes especiais vão reduzir as compras nos próximos meses.

A projeção da LCA é de crescimento de cerca de 2% nas vendas totais de veículos neste ano em relação a 2016. A aposta da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de aumento de 4%, após quatro anos seguidos de queda

Estabilização


Para o executivo de uma das grandes montadoras, há sinais de melhora no mercado, mas ele prefere tratar os resultados atuais como "uma estabilização". Em sua avaliação, a questão política, a queda dos juros, que ainda não chegou ao consumidor, e a previsão de um PIB mais fraco que o previsto levam o setor a ver os números do semestre ainda com certa cautela.

Junho


No mês passado, as vendas de veículos novos praticamente ficaram estáveis em relação a maio, com queda de 0,3%, totalizando 194,9 mil unidades. Em relação a igual mês de 2016, houve alta de 13,5%.

A venda média diária aumentou 4,4% em junho, que teve 21 dias úteis, ante maio, com 22 dias úteis. No comparativo com junho do ano passado, que também teve 22 dias úteis, o crescimento foi de 18,9%.

Apenas no segmento de automóveis e comerciais leves, que corresponde a 97% das vendas totais das montadoras, o crescimento no semestre foi de 4,2%, para 991,6 mil unidades. Só em junho foram vendidas 189,2 mil unidades, das quais 42% foram vendas diretas. Essa categoria de negócios cresceu 10% no comparativo anual, enquanto as vendas no varejo aumentaram 2,8%

Na quinta-feira (6/7), a Anfavea divulgará dados de produção, exportações e empregos no setor.

Usados. As vendas de automóveis, comerciais leves e veículos pesados (caminhões e ônibus) usados cresceram quase 10% de janeiro a junho, somando 5,2 milhões de unidades.

Segundo a Federação das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a maior alta ocorreu entre modelos com até três anos de uso, chamados de seminovos. Foram vendidas 2,8 milhões de unidades, 23,7% a mais ante o primeiro semestre de 2016.