Jornal Correio Braziliense

Economia

Meirelles está otimista de que Brasil vai se tornar país membro da OCDE

Ministro da Fazenda acredita que convite para ingressar na organização pode ocorrer em julho, durante a reunião de embaixadores. Para ser membro, país precisará avançar com a agenda das reformas


O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está otimista de que o Brasil vai receber ainda em julho o convite formal da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para tornar-se um país-membro da entidade. Ao inaugurar sua conta no Twitter, o chefe da equipe econômica afirmou que a entrada na OCDE ;faz parte da agenda de reformas; do governo.

;A candidatura do Brasil como país-membro da OCDE está sendo muito bem recebida;, reforçou o ministro em seu Twitter, diretamente de Paris, onde participa do encontro ministerial da organização e aproveita para se reunir com investidores. Ele aproveitou para retuitar uma entrevista dada pelo secretário-geral do organismo, José Angel Gurría, à Folha de São Paulo. Nela, o economista e diplomata mexicano afirmou que ;o Brasil cumpre plenamente com todas as condições prévias;, que o país ;já é da família, como um primo muito próximo;.

Na semana passada, o governo brasileiro enviou carta à OCDE demonstrando interesse na adesão ao grupo. A expectativa dos membros da equipe econômica é de que o convite da entidade seja feito na próxima reunião dos embaixadores, em julho. A partir do recebimento desse convite, é iniciado o processo de adesão, mas há um longo período pela frente. Em média, são necessários três anos. E, nesse prazo, o Brasil precisará ser enquadrado nos 25 comitês da entidade e avançar com a agenda de reformas.

Aprovação


Meirelles, em entrevista coletiva em Paris, comemorou ontem a aprovação do texto da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, 14 votos contra 11. ;O importante é que está sendo aprovado;, disse. Ele está otimista de que a reforma previdenciária também passará pelo Congresso. ;Existe uma consciência cada vez maior de que o mais importante para o cidadão brasileiro é que tenham segurança de que receberão a aposentadoria e de que a Previdência Social será solvente no futuro;, disse.

Quando foi criada, em 1960, a OCDE era composta por 20 países, sendo 18 europeus mais Estados Unidos e Canadá. Atualmente, possui 35 membros, incluindo México e Chile. O Brasil é um parceiro-chave desde 2007, ao lado de China, Índia, Indonésia e África do Sul. Naquela época, o país foi convidado a ingressar no grupo. Estava prestes a conquistar o grau de investimento, com PIB crescendo forte e superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública). Hoje, o Brasil tenta sair da pior recessão de sua história. Perdeu o selo de bom pagador e as contas do governo federal registram deficits primários consecutivos desde 2014.

O economista-chefe do banco Haitong, Jankiel Santos, criticou esse movimento e lembrou que há desafios maiores a serem superados no momento. ;A entrada do Brasil na OCDE é indiferente para investidores no momento atual. O país tem que resolver tantos problemas primeiro antes de querer entrar em um clubinho;, destacou. Para ele, o primeiro deles é o imbróglio político sobre o processo da cassação ou não da chapa Dilma-Temer. Mas, independentemente do resultado, para o país recuperar a confiança é importante a sinalização de que as reformas prosseguem, com ou sem Temer.