Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsas da Europa fecham em baixa, com realização de lucros após eleição

Abertamente favorável ao euro e à União Europeia, Macron levou o otimismo nos mercados acionários europeus ao defender o bloco e a moeda única



As urnas comprovaram o que vinha sendo indicado nas pesquisas de intenção de voto e o centrista Emmanuel Macron foi o vencedor das eleições presidenciais francesas. O resultado coincidiu com o tom otimista visto nos últimos dias nas bolsas europeias, que fecharam majoritariamente em baixa na sessão desta segunda-feira, 8, afetadas por um movimento de realização de lucros.

Investidores já haviam apostado na vitória de Macron durante as duas últimas semanas, quando os mercados acionários europeus registraram fortes ganhos, amparados pelo discurso do candidato centrista favorável à Europa e à zona do euro.

Com 66,06% dos votos, Macron derrotou Marine Le Pen, candidata do partido de extrema-direita Frente Nacional, que obteve 33,94% dos votos. A esplanada do Museu do Louvre, em Paris, serviu como palco para o discurso da vitória de Mácron.

Uma França unida foi o principal pedido do agora presidente eleito do país, que afirmou entender os eleitores de Marine Le Pen e a mensagem de "cólera" e de "desordem" representada pelos votos à candidata da Frente Nacional. "Eu os respeito, mas farei de tudo, nos próximos cinco anos, para que não tenham mais razões para votar nos extremos."

[SAIBAMAIS]Abertamente favorável ao euro e à União Europeia, Macron levou o otimismo nos mercados acionários europeus ao defender o bloco e a moeda única. Seu discurso também foi endossado por líderes da região, como a chanceler alemã Angela Merkel, que o cumprimentou pela vitória logo após a divulgação das pesquisas de boca de urna.

"Merkel congratulou o compromisso de uma Europa unida e aberta, que ele demonstrou ter durante a campanha eleitoral. Os eleitores franceses têm, portanto, uma clara opção pela Europa", disse a chancelaria alemã, em comunicado. Além disso, Merkel se disse ansiosa para trabalhar com Macron "na confiança e no espírito da amizade franco-alemã, tradicionalmente próxima".

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 0,17% (%2b0,66 pontos), em 393,88 pontos.

Esses espírito fez com que a bolsa de Paris, que registrou ganho de 7,38% nas últimas duas semanas, ficasse pressionada no pregão desta segunda-feira por um movimento de realização de lucros. O índice CAC-40 fechou em baixa de 0,91%, aos 5.382,95 pontos. Os bancos franceses, que reagiram positivamente à tendência de vitória de Macron, recuaram nesta segunda, com o Crédit Agricole caindo 0,66%; o Société Générale baixando 2,53%; e o BNP Paribas tendo perda de 1,53%.

O único indicador divulgado nesta segunda-feira acabou ficando de lado. As encomendas à indústria na Alemanha registraram alta de 1,0% em março na comparação mensal e valorização de 8,5% na comparação anual. Analistas consultados pelo Wall Street Journal previam alta de 0,5% em março ante fevereiro.

Além disso, o radar dos investidores estava atento às eleições regionais no estado de Schleswig-Holstein, no norte do território alemão, onde o partido de Merkel, o União Democrática Cristã (CDU), de centro-direita, venceu o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, e teve sua segunda vitória regional neste ano. Com isso, Merkel se fortalece na corrida eleitoral para tentar o quarto mandato consecutivo como chanceler da Alemanha. Já o índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, fechou em baixa de 0,18%, a 12.694,55 pontos; com o Deutsche Bank perdendo 0,22% e o Commerzbank caindo 2,78%.

A balança comercial da China também influenciou as bolsas europeias. As importações de minério de ferro e de cobre diminuíram, segundo dados divulgados pela Administração Geral de Alfândega do país, afetando papéis de mineradoras. Em Londres, a Rio Tinto caiu 1,48%, a Anglo American baixou 2,04% e BHP Billiton cedeu 1,32%. Apesar disso, o índice FTSE-100 contrariou os outros mercados europeus e registrou leve alta de 0,05%, a 7 200,86 pontos nesta segunda-feira.

Em Milão, ações de bancos pesaram no índice FTSE-MIB, que fechou em queda de 0,26%, aos 21.428,10 pontos, também afetados por um movimento de realização de lucros com o resultado das eleições francesas. O Unicredit caiu 1,29% e o Banco BPM recuou 1,23%.

O índice Ibex-25, da Bolsa de Madri, caiu 0,35%, aos 11.096,30 pontos. Já na Bolsa de Lisboa, o índice PSI-20 recuou 0,42%, para 5.232,50 pontos. (Com informações da Dow Jones Newswires)