O Banco Central projeta ingresso de Investimento Direto no País (IDP) de US$ 4,8 bilhões no mês de abril. O dado foi apresentado na manhã desta terça-feira (25/4), pelo chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel. No mês até o dia 20, o dado preliminar indica entrada de US$ 3,7 bilhões.
Ao apresentar os números, o técnico do BC ressaltou o forte ingresso de recursos e notou que nunca foi tão grande a folga gerada pelo ingresso de IDP em relação à necessidade de financiamento gerado pelo déficit em transações correntes.
"Seguimos com valores elevados e nos últimos 12 meses tivemos ingresso de US$ 85,939 bilhões. Esse valor é quatro vezes maior que o déficit em transações correntes de US$ 20,557 bilhões", disse Maciel. "Nunca tivemos uma diferença positiva tão grande entre o IDP e o déficit em transações correntes", completou.
Túlio Maciel ressaltou que o IDP é a fonte de financiamento externo de melhor qualidade, já que indica perspectiva de permanência mais longa dos recursos externos. "Isso gera renda, emprego, impostos e, claro, lucros e dividendos", disse. "O IDP segue ingressando no Brasil e temos ainda a diferença de que a saída vista em portfólio vista no ano passado está bem moderada em 2017", completou Maciel, ao comentar que o quadro é explicado pela melhora da perspectiva econômica no Brasil.
Disseminado
O chefe do Departamento Econômico do BC afirmou que o ingresso de recursos no Brasil, por meio de IDP, "continua sendo bem disseminado pelos setores, com destaque para os serviços". De acordo com Maciel, a geração e a distribuição de energia elétrica, em especial, estão puxando os dados do IDP.
Em março, o IDP somou US$ 7,109 bilhões. No primeiro trimestre do ano, o investimento direto foi de US$ 23,943 bilhões, o que representa um incremento de cerca de 40% em relação ao ano passado.
Considerando apenas os investimentos voltados para participação no capital - ou seja, compra de fatias de empresas no País - a entrada de IDP no setor de eletricidade, gás e outras utilidades foi de US$ 5,524 bilhões no primeiro trimestre.
Investimento em ações
Maciel citou a saída mais significativa de recursos do País por meio da venda de ações por estrangeiros. Conforme os dados do BC, o investimento em ações no Brasil foi negativo em US$ 2,271 bilhões em março.
Ele minimizou, no entanto, o movimento, "tendo em vista os volumes". Chamou atenção para o fato de, no acumulado de janeiro a março, o investimento em ações ser negativo em apenas US$ 657 milhões. Além disso, de acordo com Maciel, o investimento em ações em abril, até o dia 20, está positivo em US$ 703 milhões.
O destaque positivo é o fluxo na renda fixa. Depois de acumular saída de apenas US$ 59 milhões em março e remessas de US$ 1,116 bilhão no primeiro trimestre, a renda fixa brasileira registra em abril, até dia 20, investimento positivo de US$ 4,71 bilhões. "São quase US$ 3 bilhões de ingresso no primeiro quadrimestre", destacou Maciel.
Segundo ele, os fluxos de renda fixa - assim como outros fluxos - respondem a uma série de fatores. "Temos uma situação macroeconômica com perspectiva de quadro melhor. Se pegarmos um indicador de risco, o CDS do Brasil, vemos que estamos agora em abril com 214 pontos. E isso já esteve em quase 500 pontos no primeiro trimestre de 2016", afirmou Maciel, ao justificar o bom resultado na renda fixa em abril.
O chefe do Departamento Econômico citou, como fatores para uma melhora nos fluxos, a melhor situação macroeconômica, a incerteza menor, a redução do risco, o crescimento moderado do PIB previsto para este ano, o câmbio e a inflação em queda. "Este conjunto de fatores acaba repercutindo em diversos fluxos, tanto em ações, quanto em renda fixa", disse.
Taxa de rolagem
Maciel afirmou ainda que a redução do risco e a melhora dos indicadores macroeconômicos do País se refletem na melhora da taxa de rolagem de dívidas.
Em abril, até dia 20, a taxa de rolagem está em 100%, sendo 200% para títulos de longo prazo e 90% para empréstimos diretos. Conforme os dados de BC, o mês de março fechou com taxa de rolagem total de 91%, com 106% para títulos de longo prazo e 86% para empréstimos diretos.