Apesar de evitar falar com a imprensa durante o anúncio do recuo do governo na proposta de Reforma da Previdência, na manhã desta quinta-feira (6/4), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, rompeu o silêncio no início da noite, quando soltou uma pequena nota comentando a mudança de posição do Palácio do Planalto. Meirelles sempre defendeu que o texto encaminhado ao Congresso Nacional não fosse alterado e afirmava aos interlocutores que não havia pontos que fossem negociáveis, logo, não ficou contente com as alterações na proposta. Só que o governo teve de recuar mais uma vez diante do claro desmantelamento da base aliada.
"A reforma da Previdência é necessária para garantir que todos os aposentados recebam seus benefícios no futuro. É uma necessidade, não é questão de posição política", disse Meirelles, na nota. Ele prosseguiu dizendo que o "governo propôs ao Congresso uma reforma robusta, capaz de enfrentar os gargalos e as injustiças do atual sistema". "O Congresso tem a palavra final quando vota uma proposta de emenda constitucional. A democracia pressupõe diálogo, troca de ideias para chegar a um consenso. Hoje, o governo avançou na construção de um consenso visando à aprovação da reforma da Previdência", completou.
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Na avaliação do ministro, as mudanças "mantêm os principais objetivos da proposta enviada ao Congresso porque preservam o ajuste fiscal e beneficiam os mais pobres."
Para especialistas, o novo recuo do presidente Michel Temer na proposta de reforma previdenciária põe em dúvida se ele conseguirá aprovar de uma forma que não precise uma nova mudança em três anos. "Essas mudanças mostram que a base não está unida e que Temer está cada vez mais enfraquecido", comentou a especialista em contas públicas Selene Peres Nunes, uma das autoras da Lei de Responsabilidade Fiscal.