Jornal Correio Braziliense

Economia

Para Dyogo, governo manterá trajetória de inflação abaixo do centro da meta

Oliveira notou que investidores já se movimentam diante da perspectiva de aprovação dessa reforma, especialmente porque a aprovação do projeto permitirá que o governo tenha menor presença na economia

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, acredita que a inflação continuará bem comportada, o que permitirá reduzir a taxa de juro. Além das condições monetárias, o ministro defendeu que retomada da economia também precisa da agenda de reformas estruturais para que o crescimento seja sustentável.

"A inflação está abaixo do centro da meta. Eu sou otimista e acho que a gente vai manter a trajetória abaixo do centro da meta por algum tempo. Isso é uma boa notícia pois permite prosseguimento da política monetária mais flexível", disse Dyogo Oliveira em evento organizado pelo Council of the Americas na capital federal.

O ministro reconhece que a economia já dá sinais de retomada, mas, para que o movimento seja continuado, ele defende a realização da agenda de reformas. "Nosso grande desafio é o ajuste das contas públicas e a continuidade do ajuste fiscal", disse, ao comentar que o primeiro movimento dessa agenda foi a aprovação da PEC do teto de gastos. "A segunda parte do ajustamento é a reforma da Previdência. É o divisor de águas para a situação que nós queremos alcançar", disse.

Oliveira notou que investidores já se movimentam diante da perspectiva de aprovação dessa reforma, especialmente porque a aprovação do projeto permitirá que o governo tenha menor presença na economia. "Temos um problema de prioridades de aplicação de recursos no País. Aplicamos pouco no crescimento e precisamos abrir espaço nas despesas para ter mais ações voltadas ao crescimento. Para isso, precisamos conter o crescimento das despesas com Previdência".

Sem a reforma, o ministro prevê que a despesa com a Previdência saltaria do patamar equivalente a 8% do Produto Interno Bruto para cerca de 17% em 2060. "Isso será revertido com a reforma. A reforma permite a estabilização desse gasto em relação ao tamanho da economia e a despesa fica estável entre 8% e 9% do PIB. Isso é o que nós estamos buscando".

Oliveira notou que muitos investidores já têm percepção positiva sobre essa agenda reformista e deu como exemplo a queda do indicador do risco país. "A percepção de risco caiu fortemente nos últimos meses e estamos voltando ao nível de quando nós tínhamos investment grade", disse, ao lembrar da recente mudança da perspectiva anunciada pela agência Moody;s.

O ministro também lembrou de outras iniciativas reformistas, como a mudança na legislação trabalhista que reduzirá os litígios, a mudança nos processos de concessões, a regularização de terras, redução de conteúdo local na indústria do petróleo e a liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), entre outras medidas. "Há uma ampla agenda e o governo está agindo em diversas frentes para melhorar o ambiente de negócios."

Cortes no Orçamento


Dyogo Oliveira fugiu de todas as perguntas sobre o corte do Orçamento que será anunciado na quarta-feira, 22. "Amanhã saberemos se haverá corte", disse. Segundo ele, ainda não está fechado o tamanho do corte, o que dependerá de definições sobre a sua composição que serão feitas entre a terça e a quarta.

O ministro garantiu que o corte será feito com transparência para mostrar o cumprimento da meta fiscal desse ano, no relatório de avaliação de despesas e receitas do Orçamento que será enviado ao Congresso na quarta.

PDVS em estatais


Dyogo disse que o Brasil está atuando em diversas frentes para melhorar o ambiente de negócios do País. Um dos principais, segundo ele, é a reestruturação de estatais, em que o governo já contabiliza a adesão de 50 mil funcionários a Planos de Demissão Voluntária (PDV).

"Tivemos nos últimos anos um processo bastante duro de deterioração das empresas estatais do País em termos de seus resultados e atividades", afirmou o ministro. "Desde o início do governo do presidente Michel Temer, foram tomadas muitas ações para melhorar a gestão e desempenho dessas empresas."

Dyogo mencionou a nova lei de governança das estatais, que restringe as nomeações eminentemente políticas e estabelece dispositivos que melhoram procedimentos e aproximam a gestão dessas companhias ao que é feito na iniciativa privada.

Ele ressaltou ainda que as empresas estão mais concentradas em seu core business e estão abrindo mão de negócios que não condizem com sua atividade. Dyogo disse ainda que a Petrobras já concluiu 90% de seu plano de desinvestimentos.

Dyogo citou a venda da distribuidora de energia Celg, que era controlada pela Eletrobras, e disse que outras seis concessionárias devem ser repassadas à iniciativa privada, melhorando a situação da estatal e o atendimento da população.

Sobre a Infraero, o ministro disse que o governo ainda discute a melhor maneira de reestruturar a empresa. "Uma nova rodada de concessões está em discussão, mas o tema ainda não foi definido "