Pezão disse que fez um pedido à Advocacia-Geral da União. "Hoje (segunda-feira), conversei com o presidente Michel Temer. Já que temos um documento assinado por mim e pelo ministro Henrique Meirelles, será que não podiam bloquear só 50%, e deixar 50% para a gente sobreviver?", afirmou Pezão, referindo-se ao termo de compromisso do plano de recuperação fiscal do Estado, firmado com a União no fim de janeiro.
O ritmo dos bloqueios tem impacto direto no pagamento do funcionalismo. No fim da tarde desta segunda-feira, Pezão garantiu o pagamento, para esta terça-feira (14/3), décimo dia útil do mês, dos salários de fevereiro dos servidores ativos, inativos e pensionistas da área de segurança (policiais civis e militares, agentes penitenciários e bombeiros) e dos ativos da educação. No mês passado, o Estado gastou R$ 920 milhões para fazer esses pagamentos.
Nesta segunda-feira, o Estado pagou a terceira de seis parcelas dos salários de servidores que ainda não receberam todo o vencimento de janeiro. No dia 22 de fevereiro, o governo estadual anunciou o adiamento no cronograma de pagamento, após ser notificado pela União do bloqueio de R$ 220 milhões em suas contas. Esses salários serão totalmente quitados somente em 22 de março, desde que não ocorram novos bloqueios.
A Secretaria de Fazenda informou que não tem como estimar o impacto dos bloqueios no futuro porque a execução das garantias depende de decisão do Tesouro Nacional.
Segundo a Fazenda fluminense, o valor de R$ 1,36 bilhão é a soma de R$ 637,55 milhões de dívidas vencidas em 2016, mas cujas garantias ainda não foram executadas pela União, e R$ 723,59 milhões em dívidas não pagas em janeiro e fevereiro. Se o plano de recuperação fiscal não for efetivado, de março a dezembro vencem parcelas que somam R$ 6,27 bilhões.
Otimismo
Pezão demonstrou confiança na aprovação, ainda este mês, pela Câmara, do projeto de lei sobre a recuperação fiscal. O assunto precisa passar pelo Congresso porque modifica a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é federal. "É um tempo até rápido para se votar na Câmara. Quem já esperou até agora, espera mais um pouco", disse Pezão, após receber no Rio o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra.
Em meio à crise, Pezão declarou não ter recebido informações sobre a data de depósito de R$ 270 milhões desviados na gestão de seu antecessor e padrinho político, Sérgio Cabral Filho, preso sob acusação de chefiar uma organização criminosa em conluio com empreiteiras. O valor, recuperado pelo Ministério Público Federal, estava à disposição do Rio, que resistia a pedi-lo de volta. Agora, resolveu reavê-lo, como revelou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.