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Economia

Não há 'bode' na reforma da Previdência, diz presidente da Câmara

Maia lembrou que a proposta do governo Michel Temer não corta salários, aposentadorias nem reajusta impostos

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (8/3), que o País só tem dois caminhos para resolver a questão previdenciária: fazer uma reforma menos dura ou trilhar o exemplo de Portugal, que chegou em um estado de falência, com corte de salários e aposentadorias e aumento de impostos. Ele lembrou que a proposta do governo Michel Temer não corta salários, aposentadorias nem reajusta impostos.

"Nós temos duas alternativas: ou nós fazemos uma reforma que não é dura, que vá organizar o sistema para o futuro ou nós chegaremos em determinado momento, se a reforma previdenciária não for feita, que nós vamos ter que fazer o que Portugal fez", declarou.

Maia disse que não há "bode" na reforma da Previdência e que os parlamentares precisam ter responsabilidade ao apreciar a matéria. "Ninguém está feliz em fazer reforma alguma, mas é uma realidade, aquilo que precisava ser feito e não foi feito no passado", comentou.

Ele considerou que as divergências podem ser pontuais, como na regra de transição. "A transição, o ponto de corte, sempre vai ser polêmico. Se nós colocarmos 48 anos, o de 47 vai reclamar. Se não fizermos reforma com transição, o jovem que vai entrar vai dizer que se fosse daqui a dois meses ele teria direito ao sistema antigo e não ao novo. Então essas são questões que precisam ser enfrentadas", comentou.

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Para Maia, não há radicalização por parte do governo em nenhum ponto da proposta. "Se alguém trouxer uma equação onde se muda a transição e veja onde se vai compensar essa transição, eu não vejo problema agora. Se você mudar a transição e fizer uma escadinha, quem é que vai pagar a conta? É o aposentado? Ou é o jovem, aumentando a taxação da previdência dele, alguém vai pagar essa conta, é uma questão matemática", completou.

O deputado disse que se a reforma não for feita, a curva de recuperação econômica chegará ao final do ano negativa, com aprofundamento da crise a patamares "nunca antes vistos no Brasil". "Então se nós não fizermos a reforma de Estado, reforma da Previdência e reforma trabalhista, depois a reforma do sistema financeiro, a reforma tributária, nós estaremos comprometendo o futuro das novas gerações e gerando uma crise ainda mais grave do que a crise que a imprensa divulgou hoje dos últimos anos", disse.

Maia cobrou compromisso com o País na análise da reforma previdenciária. "Nós que temos mandato não estamos aqui para ser aplaudidos, nós estamos aqui também para, no curto prazo, receber alguma vaia, mas essa vaia vai ser aplauso daqui um ano", emendou.