Jornal Correio Braziliense

Economia

Governo muda apuração da exigência de conteúdo local no setor de petróleo

Nova metodologia valerá para os leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) previstos para setembro e novembro

O governo mudou a forma como apurará a exigência de conteúdo local nas contratações de equipamentos pela indústria de petróleo na exploração de novas áreas. A nova metodologia valerá para os leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) previstos para setembro e novembro.

Em vez de um complicado sistema com mais de 90 itens, a apuração será global. Nos campos de exploração em terra, ele será calculado nas duas etapas do processo exploratório: exploração e desenvolvimento da produção. Nos dois casos, o índice para conteúdo local será de 50%.

Para os campos em mar em profundidade superior a 100 metros, o índice exigido na etapa de exploração será de 18%. A etapa de desenvolvimento da produção terá quatro índices: 25% na construção do poço, 40% no sistema de coleta e 25% nas unidades estacionárias de produção (plataforma). O índice de conteúdo local abrangerá produtos e serviços.

A nova política, anunciada nesta quarta-feira, 22, pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho e por técnicos dos ministérios da Fazenda e da Indústria, será discutida em uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em março.

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O ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, disse que os novos índices de conteúdo local para a indústria do petróleo deverão reduzir em 50% a exigência. Ele avaliou que a política anterior exigia conteúdos inexequíveis, o que resultava em elevadas multas por descumprimento.

A nova política, disse o ministro, não comportará mais pedidos de waiver pelo descumprimento dos índices. Em vez disso, serão aplicadas multas por descumprimento que começarão em 40% (com desconto de 30% se forem pagas nos primeiros dez dias após a notificação) e chegarão a 75%.

O estoque de dívidas por descumprimento de conteúdo local nos contratos em vigor não foi discutido nessa etapa, disse o ministro. O estoque é estimado em algo entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões, segundo informou o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida.

Fornecedores

A nova política de conteúdo local para a indústria de petróleo vai prever a redistribuição dos recursos para pesquisa e desenvolvimento do setor, para atender também a cadeia de fornecedores. A ideia é qualificar a indústria nacional para produzir insumos de maneira competitiva. A informação foi dada há pouco pelo secretário de Desenvolvimento da Competitividade do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Igor Calvet.

Parte das multas acumuladas pelas empresas que não cumpriram índices de conteúdo local poderá ser revertida para o Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural (Pedefor). Outra parte poderá ser perdoada, segundo comentou Mansueto Almeida.

O secretário informou ainda que, ao contrário das rodadas anteriores, o índice de conteúdo local não será mais critério de pontuação em leilões. Ele criticou o sistema anterior. "Nenhum país do mundo tem uma política de conteúdo local com mais de 90 itens controlado por notas fiscais", disse.

Segundo o ministro de Minas e Energia, essas novas regras já valerão para os leilões marcados para setembro e novembro deste ano.