Jornal Correio Braziliense

Economia

Principal destino dos recursos do FGTS será quitação de dívidas

Na avaliação da planejadora financeira Teresinha Rocha, da DSOP Educação Financeira, não há nem o que discutir, pois o fundo rende muito menos do que os juros que as famílias costumam pagar nos empréstimos


O alto endividamento das famílias não gera dúvidas entre os especialistas sobre a prioridade que os cotistas devem observar quando forem usar os recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a partir de março: o pagamento de dívidas. Na avaliação da planejadora financeira Teresinha Rocha, da DSOP Educação Financeira, não há nem o que discutir, pois o fundo rende muito menos do que os juros que as famílias costumam pagar nos empréstimos. ;Caso tenha dívidas, a melhor coisa que a pessoa pode fazer é pagá-las;, orientou.

Teresinha recomenda que o dinheiro do FGTS seja utilizado para consumo apenas em casos excepcionais ; e quando não existirem dívidas a pagar. Não adianta deixar as contas em atraso e assumir novas dívidas, porque isso, na expressão dela, seria o ;caixão;. ;É preciso fazer um planejamento benfeito antes de sacar o dinheiro e tentar guardar algum valor em uma reserva emergencial para evitar cair em um novo endividamento;, explica a especialista.

Calote


O economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luís Oreiro também acredita que os recursos sacados do FGTS devem ser direcionados, basicamente, para pagar dívidas. ;O rendimento do FGTS é 3% ao ano mais a TR (Taxa Referencial). Qualquer dívida, por menor que seja, custa, pelo menos, 2% ao mês ao tomador. Então, tendo a possibilidade de sacar o FGTS, a melhor alternativa é reduzir o saldo devedor o mais rápido possível;, afirmou.

Para Oreiro, o efeito dos resgates das contas inativas, cujo cronograma foi detalhado ontem pelo governo, será a redução dos níveis de calote dos consumidores perante o sistema financeiro. ;Isso poderá ajudar a diminuir os spreads bancários (diferença entre a taxa paga pelos bancos na captação de recursos e a cobrada nos empréstimos). O custo do dinheiro para as pessoas físicas deve cair por conta da redução da inadimplência;, explicou.

A professora de Finanças para o MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV) Myrian Lund, no entanto, lembrou que os brasileiros precisam aprender a poupar e a planejar as finanças para evitarem a armadilha do endividamento. ;O importante é quitar as dívidas, mas também saber fazer uma reserva de emergência para o futuro, mas esse não é o comportamento natural do brasileiro;, lamentou.

;Muitas pessoas tomam decisões pela emoção. No momento em que têm nas mãos um dinheiro que não esperavam, como é o caso do saque das contas inativas do FGTS, a tendência das pessoas é gastar , quando o mais importante é planejar as despesas e eleger prioridades;, afirmou a professora. (RC e RH)

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