A ineficiência no uso dos recursos materiais e humanos do Estado explica boa parte da falta de qualidade dos serviços públicos no Brasil. Entre economistas e empresários, é praticamente unânime o diagnóstico de que, se aumentar a produtividade é uma necessidade em quase todas as áreas do país, no serviço público essa á uma tarefa ainda mais urgente. Para muitos especialistas, a recessão econômica, que escancarou o rombo nas contas públicas, também abriu a oportunidade de consertar o equívoco histórico de altos salários e pouco retorno - e de mudar para sempre a face do funcionalismo. A questão é como imprimir a urgência necessária às reformas estruturais diante de pressões e ameaças de manifestações, greves e protestos ao menor sinal de extinção de antigas regalias.
"Tempos difíceis exigem reações firmes e tempestivas, e a agenda econômica estrutural é importante instrumento de defesa do país. O governo não pode ceder. Se iremos, a curto prazo, conviver com fortes reações dos servidores públicos, paciência. Sem as reformas, o Brasil vai parar", afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
O Estado brasileiro é historicamente ineficiente e gasta muito mal, na avaliação do economista Alan Ghani, da Saint Paul Escola de Negócios. "A alta carga tributária estrangula o setor privado e prejudica a sociedade. Por que pagamos tanto imposto? Porque a administração pública, inchada, sustenta sindicatos, partidos políticos, servidores improdutivos, comissionados, uma quantidade absurda de ministérios e regalias de Executivo, Legislativo e Judiciário. O Estado grande só favorece uma minoria de burocratas e sufoca quem trabalha", diz.