Economia

PIB só crescerá 0,2% em 2017, diz economista André Perfeito

Ele participa, na tarde desta quarta-feira, do Seminário Correio Debate %u2013 Desafios para 2017, no auditório do jornal, em Brasília.

Margareth Lourenço - Especial para o Correio
postado em 14/12/2016 16:11
A PEC do teto é a mãe de todas as reformas que estão por vir. A proposta de emenda à Constituição por si só já é histórica ao escrever na Carta Magna uma regra fiscal inédita. Porém, a curto prazo a nova lei não vai solucionar os problemas econômicos do Brasil. As opiniões são do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Ele participa, na tarde desta quarta-feira, do Seminário Correio Debate ; Desafios para 2017, no auditório do jornal, em Brasília.

O economista destaca que a expectativa com a implantação da nova lei,que acena com a expectativa de juros menor, é o aumento dos investimentos. Mas ele adverte que isso não irá acontecer a curto prazo. Na verdade, Perfeito projeta um crescimento do PIB para 2017de apenas 0,2%. A sua projeção está calcada principalmente no alto nível de endividamento, que se acentua com a continua taxa de desocupação da força de trabalho. ;O consumo das famílias caiu e vai continuar caindo fortemente, mesmo que a velocidade do desemprego diminua, dado ao endividamento, não surtirá um crescimento igoroda da economia;, ressaltou.

Ele analisa também que o deficit do governo, que cresce na mesma medida que as receitas diminuem, só terá solução a curto prazo com aumento de impostos. Esse quadro de dificuldade ainda tende a se manter porque as empresas também não vão investir, ;uma vez que estão com muita ociosidade em sua capacidade instalada, chegando a uma situação pior do que a crise de 2008;, destaca o economista. Perfeito continua o raciocínio apontando, de acordo com dados do Serasa, metade das empresas brasileiras estão endividadas. ;Para haver uma recuperação, precisariam contar com recursos do BNDES, mas esses desembolsos também estão mais restritos;.

Ao analisar o superavit da balança comercial, ele esclarece que na verdade reflete a redução das compras externas ;porque as importações estão caindo;, assinala. De qualquer forma, o economista elogia que a PEC do teto ;faz sentido ao trazer racionalidade para a máquina pública;, mas lembra que por si só a expectativa associada à lei, de trazer o juro para baixo para que possam ser gerados investimentos, não está correta. ;Se isso acontece dessa forma o Japçao seria todo um canteiro de obras;, compara.

Mesmo que a redução dos juros internos aconteçam, ele lembra que o cenário externo também precisa ser analisado. Donald Trump, que assumirá a Casa Branca nos Estados Unidos, sinaliza para a ;defesa de um dólar muito forte;. Ou seja, o juro de longo prazo está atrelado a dinâmica do que acontece no mundo e a expectativa é que a taxa de juros suba nos Estados Unidos.
Voltando ao Brasil, Perfeito reforça que crise econômica serve de combustível para a crise política, ;que está com um alto grau de temperatura a partir das expectativas de possíveis outras delações;. Por isso, ele opina que o governo, ao propor reformas, a intenção é muito mais política do que econômica. O governo necessita fazer um esforço brutal para fazer as alterações, como levar adiante a reforma da Previdência, ;sob pena de aqui a alguns anos o país ser transformado na República Previdenciária, pois só haverá dinheiro para pagar aposentadorias;. Apesar do quadro pouco promissor a curto prazo, Perfeito pondera que ;o processo de ajustes está começando, mas é preciso cautela porque as soluções ainda vão demorar;.
O economista participou do primeiro painel de debates com os ex-diretores do Banco Central Tony Volpon e Carlos Eduardo Freitas. O evento continua com a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação