Apesar de o Brasil viver uma de suas piores crises econômicas de sua história, o número de milionários no País continua a se expandir. Dados do banco Credit Suisse apontam que 11 mil novos brasileiros passaram a ser considerados detentores de fortuna acima de US$ 1 milhão, o que colocou o Brasil entre as dez nações que mais ganharam milionários no último ano. Os dados contrastam com a realidade econômica do País. Segundo o estudo divulgado na Suíça na segunda-feira, 21, o Brasil "enfrenta sérias dificuldades".
Em dólares, a renda média de um brasileiro foi reduzida em um terço desde 2011, uma das maiores quedas entre as grandes economias mundiais. "Ainda que o patrimônio tenha continuado a aumentar na moeda local, esses ganhos são, em grande parte, inflacionários", disse o estudo. "Dados anteriores mostraram que a média da renda de uma família triplicou de 2000 a 2011, saindo de US$ 8 mil por adulto para US$ 27,1 mil", explicou o informe. "A história da riqueza no Brasil foi a de uma explosão", diz o texto.
Em 2016, os dados apontam que a renda média anual de um adulto ficou em US$ 18 mil, pouco acima do resultado do ano passado (em ambos os casos, os dados se referem ao fim de junho).
Na avaliação do banco, ativos financeiros representavam 36% do patrimônio das famílias no Brasil. "Muitos brasileiros têm uma relação especial com ativos imobiliários, especialmente em forma de terra, como proteção contra a inflação", indicou. A dívida de famílias se manteve estável, passando de 19% do patrimônio, em 2015, para 18%, em 2016.
O banco também aponta a forte desigualdade de renda no País. O Brasil tem 172 mil milionários e 245 mil adultos dentro da camada de renda que representa 1% da riqueza mundial. Para estar na categoria de 1% mais rico, uma pessoa precisa ter uma renda de US$ 744 mil por ano. Ao mesmo tempo, o Brasil tem 24 milhões de pessoas com renda inferior a US$ 249 por ano.
O país que teve o maior aumento no total de milionários em 2016 foi o Japão, com 738 mil novas pessoas nessa categoria, para um total 2,8 milhões. Nos EUA, os muito ricos já são 13,5 milhões, contra 1,6 milhão na Alemanha. Entre as maiores economias da América Latina, o total de milionários caiu na Argentina e no México. A China, com 1,5 milhão de milionários, perdeu 43 mil pessoas nessa categoria. No mundo, o total de milionários passou de 32,3 milhões, em 2015, para 32,9 milhões, em 2016 - foram adicionados 596 mil novos milionários à lista de um ano para o outro.
Concentração.
Esse crescimento do total de milionários significa maior concentração de riqueza. Segundo os dados, a desigualdade econômica continua a aumentar e mais de 50% da riqueza global está nas mãos de apenas 1% da população.
O levantamento do Credit Suisse constata que a crise econômica que assolou o mundo a partir de 2008 gerou uma concentração de renda. Naquele ano, a camada mais rica detinha 45% do patrimônio mundial. A taxa aumentou para 49,6% em 2015 e, agora, para 50,8%
Mais ricos.
No topo da lista, o banco aponta os suíços como a população com a renda média mais elevada do mundo. O patrimônio de cada adulto chega a US$ 561 mil, um incremento de 142% em comparação ao ano 2000. Doze por cento da população do país alpino é considerada como milionária.
Os últimos 15 anos também registraram um salto inédito no número de ricos. Em 2000, esse grupo era formado por 12,4 milhões de pessoas. Desde então, 20 milhões de novos integrantes entraram na categoria, sendo que 2,6 milhões deles vieram dos mercados emergentes. Até 2021, a estimativa é de 45 milhões de pessoas estejam nesse grupo de privilegiados.
Do outro lado da pirâmide social estão os 20% mais pobres do mundo, que reúnem menos de 1% do PIB global. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Agência Estado
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