O Congresso Mundial de Tecnologia da Informação (WCIT) de 2016, que começou segunda-feira e termina hoje, em Brasília, deve movimentar até US$ 100 milhões em negócios entre empresas brasileiras e estrangeiras do setor. A expectativa é de Santiago Gutierrez, presidente da Aliança Mundial de Tecnologia da Informação (Witsa), entidade organizadora internacional do evento. A cifra é confirmada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que está promovendo os encontros entre os empresários durante o congresso, com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Gutierrez explicou que espera dois benefícios para o Brasil com a realização do WCIT no país, a primeira edição na América Latina. ;O país-sede projeta uma boa imagem ao mundo. Mas também garante investimentos ou acordos entre companhias nacionais e estrangeiras, ou mesmo entre empresas nacionais de regiões distintas;, disse.
Na edição anterior do evento, no México, em 2012, houve negócios de cerca de US$ 100 milhões. ;Lá houve mais benefícios de médio prazo ; em até três anos. Esse impacto não sabemos. Porém, no curto prazo, estimamos que, no Brasil, os negócios devem movimentar algo parecido;, disse.
[SAIBAMAIS]Para Sarah Saldanha, gerente de Serviços de Internacionalização da CNI, a expectativa é igualar ou superar os números registrados na edição anterior. ;Nossa rodada é maior. São 110 empresas brasileiras apoiadas por federações de indústrias de 12 estados e outras 20 estrangeiras, que buscam identificar parcerias comerciais nas áreas de software, gestão, segurança e, sobretudo, gerenciamento de dados;, enumerou.
Atraso
Enquanto os empresários se reuniam em salas privadas em busca de parcerias e negócios, autoridades em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) apresentavam os enormes desafios para os países emergentes saírem do atraso no setor. Miguel Porrua, especialista em E-Government do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), disse que, das 32 nações da América Latina e Caribe, apenas 17 têm algum tipo de estratégia na área de TICs. ;Não existem agendas nacionais engajadas na implementação, faltam lideranças;, destacou.
Segundo ele, no México, faltam 115 mil profissionais capacitados de TICs. Na Colômbia, o deficit é de 50 mil. O atraso dos emergentes, disse Porrua, é resultado da falta de investimentos no setor. ;E de compromisso com o futuro.;
Na avaliação de Kati Suominen, fundadora e CEO da TradeUp Capital Fund, o setor privado precisa ser protagonista na revolução digital. ;A competitividade está ligada à capacidade tecnológica das empresas. Adotar TICs será determinante para definir quem vai entrar no mercado global;, disse.
O coordenador de Projetos da Apex Brasil, André Limp, justificou que o atraso no país é decorrente da falta de cultura das empresas de TICs para se tornarem internacionais. Ele assinalou que, hoje, são 250 mil empresas do setor no país e que o governo está fazendo sua parte, com uma agenda que mira em três direções: a infraestrutura de conectividade, software e hardware; a regulamentação, que precisa estar integrada ao modelo global; e a capacitação das empresas.