Jornal Correio Braziliense

Economia

Presidente da Petrobras diz que houve 'endeusamento' do pré-sal

O presidente da Petrobras afirmou que o atendimento das funções sociais não pode ser feito às custas da sobrevivência financeira da empres

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou nesta sexta-feira (30/9) que, no passado, houve uma "ideologização" da área do pré-sal, mas que a companhia possui outros campos de boa qualidade em outras regiões. "Houve um endeusamento do pré-sal", disse Parente, durante participação em evento promovido pela revista Exame, em São Paulo. "Vamos gerir de forma integrada, fazendo a avaliação de risco e retorno de cada campo."

Parente também afirmou que a companhia irá promover políticas de preço de mercado, visando a maximização das margens na cadeia de valor, e que a Petrobras irá se focar na celebração de parcerias e desinvestimentos e otimizará seu portfólio de negócios, saindo gradualmente de áreas non-core. "Nos próximos cinco anos, estaremos concentrados em óleo e gás. Mas, passado isso, poderemos nos voltar para outras fontes de energia mais alinhadas com as questões da sociedade", disse.

Funções sociais

O presidente da Petrobras afirmou que o atendimento das funções sociais não pode ser feito às custas da sobrevivência financeira da empresa. "A disciplina financeira é fundamental", comentou. "Por isso, uma de nossas visões de longo prazo é a que vamos cumprir nossa função social, mas sempre dando retorno." Parente também afirmou que o uso da empresa para outras finalidades diferentes de sua função social causou diversos problemas à companhia. "O aparelhamento foi uma parte, mas a Petrobras também foi usada para outros fins", disse.

Questionado sobre quais seriam esses fins, Parente evitou dar mais explicações, mas citou a construção de refinarias no passado. "Num cenário em que se atua abaixo da paridade por um longo período, como a empresa pode decidir construir refinarias, independente do overpricing, uma em Pernambuco, outra no maranhão e outra no Ceará? Não é racionalidade econômica", afirmou.



Desinvestimentos
O presidente da Petrobras reafirmou ser possível levantar cerca de US$ 40 bilhões com desinvestimentos e parcerias. "As parcerias trazem várias vantagens para a Petrobras. Desoneram investimentos, aumentam a capacidade de investimentos na cadeia como um todo", disse.

[SAIBAMAIS]Parente ainda voltou a reforçar que a Petrobras irá priorizar o segmento de águas profundas, "atuando em parcerias estratégicas". Para ele, em linhas gerais, o novo plano de negócios da companhia foi bem recebido pelo mercado, mas que a execução das medidas será a parte mais difícil. "Temos a perfeita consciência de que estamos apenas começando. O anúncio com um direcionamento claro é fundamental, mas é o começo da trajetória", comentou. "Em um prazo de dois anos, se tudo correr dentro do esperado, temos que cumprir nossas metas"

Dentre as metas, Parente destaca que, no plano da segurança, a Petrobras almeja atingir patamares mais alinhados com os padrões internacionais até o fim de 2018. Quanto à alavancagem, a companhia buscará atingir o investment grade dentro do mesmo período.

Público x privado

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que o processo decisório como um todo é mais lento no setor público do que no setor privado. "As normas que se aplicam ao setor público visam a legalidade e a transparência. Não reclamo, mas isso traz uma demora muito grande ao processo decisório", disse.

O executivo destacou que o fato de a Petrobras estar inserida na indústria tradicional de óleo e gás, com prazos e ciclos maiores, impede que a empresa seja muito prejudicada pela demora na tomada de decisões. "Mas, se estivesse no shale oil & gas, estaria preocupado".

Salários

O executivo ainda afirmou que uma parte dos funcionários da Petrobras estava acostumada com "generosos aumentos salariais, acima da inflação". "Há uma percepção de que coisas precisam ser feitas", disse. "A Petrobras é uma empresa e, como tal, precisa de responsabilidade econômico e financeira."