A renegociação de crédito é parte integrante do crédito e o Banco do Brasil tem obtido sucesso nessa operação, apesar do cenário econômico desafiador, disse o gerente geral de Relações com Investidores da instituição, Bernardo Rothe, durante teleconferência com analistas e investidores. Ele ponderou, no entanto, que para o terceiro trimestre, o nível de recuperação deve cair, dado o período de férias em junho e as Olimpíadas. "A recuperação de crédito continua positiva e temos um número bom, dado o cenário econômico, o trabalho focado na gestão e a recuperação de créditos inadimplentes e manutenção de créditos adimplentes", afirmou Rothe.
"Não renegociar é pior. O índice de recuperação do banco em até 360 dias após vencido é acima de 90% mesmo com a crise. No ano passado, era 94% e caiu para cerca de 93% (nesse ano). Temos tido sucesso em recuperar crédito", acrescentou.
O documento de análise de desempenho do banco informa que nos últimos doze meses foram cobrados e recuperados R$ 14,6 bilhões em caixa, sendo que créditos em atraso classificados em risco H representaram 13,8% desse total. Os outros 86,2% foram cobrados e recuperados enquanto estavam em outros níveis de risco. Tanto o valor recebido quanto o porcentual de recuperação nos demais níveis de risco são os maiores da série, de acordo com o documento.
Pico das provisões
O Banco do Brasil considera que já atingiu o pico de provisões no primeiro semestre e que essas despesas têm tendência de queda para o segundo semestre. "Atingimos o pico e no segundo trimestre as provisões já foram inferiores aos primeiros três meses do ano", disse Rothe. "Fizemos exercício excluindo um agravamento específico no segundo trimestre e as indicações são de que o pico já foi atingido e que o fluxo de provisões deve ser menor do que no início do ano", acrescentou.
As despesas com provisões para devedores duvidosos (PCLD) do Banco do Brasil totalizaram R$ 8,277 bilhões, aumento de 59,5% em um ano, quando estavam em R$ 5,191 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre, de R$ 9,145 bilhões, houve retração de 9,5%. No semestre, os gastos com provisões saltaram 60,6%, para R$ 17,422 bilhões. Na apresentação de resultado, o banco mostrou que excluindo despesas relacionadas a agravamentos somados a caso específico, as despesas com provisão seriam de R$ 6,9 bilhões no segundo trimestre, inferior aos R$ 7,3 bilhões no primeiro trimestre, também excluindo agravamentos e caso específico. Portanto, no segundo trimestre, as despesas com provisão para agravamentos e caso específico somaram R$ 1,4 bilhão e no primeiro trimestre, de R$ 1,9 bilhão.
Quanto ao caso específico, os executivos do BB explicaram que o caso, no segmento de óleo e gás, tem sido considerado vencido desde a inadimplência original. Os executivos acrescentaram ainda que até o final do ano, tal crédito deve ser jogado a perda, estando já 100% provisionado.
;Agravamento;
O Banco do Brasil tem praticado o "agravamento" de sua carteira de crédito para empresas, antecipando-se a confirmação das dificuldades financeiras nos balanços, o que elevou a concentração de créditos classificados entre D e H de 9,4% para 9,8% na carteira de crédito. O porcentual é, entretanto, menor do que no segundo trimestre de 2015, quando estava em 10,2%. "Não esperamos chegar o balanço, agravamos o risco antes", disse Rothe. Segundo ele, o BB espera que o comportamento da carteira seja melhor daqui em diante.