O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira (12/8) que o Brasil tem um sistema financeiro sólido, líquido e bem provisionado, que contribuirá para a recuperação sustentável da economia brasileira. "Nosso sistema é bem capitalizado, líquido, provisionado, competitivo e mais inclusivo. Nosso papel é preservar isso sob diferentes cenários", disse, na capital paulista, na abertura do XI Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária.
Ele lembrou que dentro de um mês completará oito anos a crise financeira internacional desencadeada pela quebra do Lehman Brothers e disse que, nesse tempo, os reguladores globais adotaram reformas sem precedentes nos arcabouços regulatórios que regem o sistema financeiro global e, portanto, também o local. Segundo Ilan, agora há certo consenso na comunidade internacional de que a agenda pós crise está chegando a uma fase de conclusão, o que não significa que não haverá necessidade de ajustes finos.
Ele ressaltou que é necessária uma interação entre a política monetária e um sistema financeiro sólido e eficiente. De um lado, esse sistema diminui os custos necessários da política monetária. Do outro, a política monetária favorece a intermediação no sistema financeiro, ao gerar um ambiente mais estável e menos incerto. "É necessário que o sistema financeiro exerça sua função clássica de intermediador entre poupadores e investidores".
Combate à inflação
O presidente do Banco Central reafirmou o compromisso do BC em combater a inflação em todo o horizonte relevante à política monetária, "em particular, à meta de 2017." Segundo ele, "é olhando para o futuro que a política monetária é balizada" e "há diversos fatores que afetam as perspectivas de inflação." Goldfajn reiterou que "o Copom toma suas decisões num amplo conjunto de informações e modelos" e, a partir de suas avaliações, são adotadas decisões subjetivas.
Exposição cambial
O presidente do Banco Central afirmou que a autoridade poderá reduzir sua exposição cambial em ritmo compatível com o normal funcionamento dos mercados. Ilan lembrou que a atuação do BC tem resultado em redução da posição em swaps cambiais, motivada pelas condições de mercado.
Por duas vezes em seu discurso, Ilan afirmou que é importante reduzir a intervenção, sem falar especificamente nos swaps cambiais. "É importante caminharmos para reformas microeconômicas que reduzam distorções e evitem intervenções demasiadas, aumentando a eficiência do mercado, reduzindo os custos de crédito, aumentando a potência da política monetária e criando condições para o desenvolvimento de um mercado de capitais plenamente capaz de financiar o investimento produtivo de longo prazo", afirmou.
Ele também ressaltou a importância do regime de câmbio flutuante, "que tantas vezes mostrou seu valor como instrumento de estabilidade frente a choques". O presidente do BC afirmou que os cenários nacional e internacional ainda se apresentam bem mais desafiadores do que a média histórica. "No Brasil será de fundamental importância a implementação de ajustes e reformas capazes de restaurar a confiança dos agentes econômicos e criar as condições para recuperação da atividade com baixa inflação".