Para vencer os 170km entre o Rio de Janeiro e a sua casa de praia em Búzios, o economista José Márcio Camargo costumava levar nas noites de sexta-feira pouco mais de duas horas em 2009, quando o Brasil estava mergulhado em uma recessão. No ano seguinte, com a forte recuperação do país, o trajeto ganhou mais meia hora. Mais um ano, e já estava em quatro, quase o dobro do tempo inicial. Mas, a partir de 2014, o tempo começou a se reduzir. Já está em 2h30 novamente.
O prosaico indicador do caminho para Búzios é tão eloquente quanto outros, resultantes dos modelos sofisticados com que Camargo lida como economista-chefe da Opus Investimentos e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio): o Brasil vai se aproximando do fundo do poço. Uma hora, vai voltar a crescer. ;O país não acaba;, explica. O problema é saber quando será a retomada. ;Podemos ficar anos nessa situação;, avisa.
A opinião é compartilhada por muitos analistas na academia e no mercado. Eles veem poucas chances de a recuperação aparecer logo que a economia encoste na base, como em um gráfico em V, com uma forte guinada para cima. A tendência está mais para um U, com maior período próximo do piso. Os mais pessimistas veem até mesmo um desenho em L, com duradoura estagnação. A lista de fatores negativos inclui a dificuldade do governo de equilibrar as contas públicas, sobretudo por pressões políticas; a resistência da inflação decorrente, em parte, da situação fiscal e de fatores climáticos; e a elevação da incerteza global com a decisão dos eleitores do Reino Unido de retirar o país da União Europeia.
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