Washington, Estados Unidos - Os Estados Unidos tiveram um grande aumento da criação de empregos em junho, dissipando assim as preocupações com a fragilidade do mercado de trabalho, que havia paralisado os mercados e conduzido à manutenção da política monetária. Em junho foram criados 287 mil empregos, o melhor resultado mensal desde outubro, após a quase estagnação em maio. Os analistas previam que a criação de 175 mil novos empregos.
A taxa de desemprego, no entanto, passou de 4,7% a 4,9%, como consequência de um aumento do número de pessoas que procuram emprego. Os analistas previram que o desemprego passaria dos 4,8%. Esses dados, celebrados pela Casa Branca em um comunicado como "uma recuperação (...) e um indício claro de que a economia continua fazendo sólidos progressos", dá ao mercado mais certezas sobre o crescimento dos Estados Unidos após o susto do mês de maio.
Segundo as estimativas do governo, revisadas em baixa, as empresas apenas criaram 11 mil novos empregos em maio (contra 38.000 estimados anteriormente). Essa decepção fez, entre outras coisas, que o Federal Reserve (Fed), também preocupado pelos efeitos da votação britânica sobre o Brexit, desistisse em junho de aumentar suas taxas de juros. Apesar do significativo aumento da criação de novos empregos do mês passado gerar confiança, não altera a tendência à desaceleração do mercado de trabalho. A média mensal de novas contratações passou para 147 mil no segundo trimestre desse ano. No primeiro trimestre havia sido de 196 mil e em 2015 de 229 mil.
"É impactante", comentou Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics, "mas isso não compensa a fraqueza registrada antes. Nada sugeria uma recuperação dessa magnitude, que mais uma vez demonstra que não há um indicador de emprego confiável".
Os bons dados sobre criação de empregos também têm sido um pouco inflados artificialmente pelo fato de aproximadamente 40 mil assalariados em greve da companhia de telecomunicações Verizon terem voltado ao trabalho. O setor de serviços apareceu em destaque, com a criação de 256 mil empregos, especialmente nas áreas de hotelaria, entretenimento, saúde e comércio varejista. O setor público contribuiu com 22 mil empregos, o melhor resultado mensal em muitos anos.
Aumento dos juros em setembro
No que se refere à taxa de desemprego, o pequeno aumento de dois décimos, a 4,9%, se explica em boa medida pelo aumento da taxa de participação no mercado de trabalho, ou seja do número dos que procuram emprego. Em maio a taxa de desemprego caiu de 5% para 4,7% precisamente porque milhares de pessoas deixaram de procurar emprego, deixando de ser considerados desempregados. Em junho mais pessoas voltaram ao mercado de trabalho.
Outro elemento positivo foi que em junho caiu sensivelmente o número de trabalhadores a tempo parcial: passou de 6,4 milhões em maio, a 5,8 milhões. Apesar de ser um dado muito volátil, foi a redução mais significativa em seis anos. As remunerações aumentaram somente 0,1%.
Para o Fed, que demonstra prudência em relação às incertezas da economia mundial, após a aprovação da saída do Reino Unido da União Europeia, o relatório de junho é tranquilizador. No entanto, não mudará sua atitude cautelosa sobre a taxa de juros. "Esse informe aumenta as possibilidades de um aumento dos juros em setembro, mas continuamos pensando que é mais provável (que isso aconteça) em dezembro", afirmou Ian Shepherdson.
Os analistas da Capital Economics estão mais convencidos de que esses dados aumentam as chances de aumento da taxa de juros em setembro. "O próximo aumento pode acontecer em setembro", disse Andrew Hunter em comunicado.