Jornal Correio Braziliense

Economia

Iniciativa privada espera medidas duras do governo, diz presidente da CNI

Na indústria, o presidente da CNI avalia que o ano que vem ainda não será de equilíbrio

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, afirmou nesta sexta-feira, 8, que considerou a proposta apresentada ontem pela equipe econômica de um déficit de R$ 139 bilhões para 2017 como uma "demonstração de responsabilidade do governo", mas que os empresários estão na expectativa por medidas. "Estamos ansiosos de ver medidas muito duras, modernas, mas difíceis de serem apresentadas como a Previdência Social para um futuro promissor e questões trabalhistas", disse.

Na indústria, o presidente da CNI avalia que o ano que vem ainda não será de equilíbrio. "Ainda vamos ter problema de decréscimo da indústria próximo de 2,5% a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e só a partir de 2018 vamos ter crescimento da indústria nas nossas mais recentes expectativas", previu.

Andrade deu como exemplo a França e ressaltou que o país europeu aumentou para 80 horas semanais a possível jornada de trabalho para recuperar a competitividade. "Aqui temos 44 horas de trabalho semanal, as centrais sindicais tentam passar esse número para 40 e a França passou para 80. A razão disso é que a França perdeu a competitividade da sua indústria em comparação com os outros países da Europa", afirmou.

Impostos
Robson Andrade afirmou que a CNI é "totalmente contra o aumento de imposto". Durante encontro com o presidente em exercício, Michel Temer, Andrade afirmou que o peemedebista não falou sobre o tema.



"Ele não falou em imposto e somos totalmente contra imposto. Achamos que o Brasil tem muito espaço para reduzir custo, melhorar a eficiência e a máquina pública. Aumentar a carga tributária é ineficaz, geraria redução de receita. Empresas, Estados, municípios e governo federal estão em situação muito difícil", disse, após encontro com empresários.

Andrade disse ainda que os Estados e municípios deveriam adotar o mesmo mecanismo da União para a limitação do gasto e ressaltou que, durante o encontro, Temer se comprometeu a estudar os pleitos dos empresários. Entre eles, estão melhoria do ambiente de negócios, financiamento e pesquisa e inovação.

"Tivemos um encontro com o presidente com quase 150 CEOs de grandes empresas e apresentamos avanços e as principais demandas para que a inovação possa se constituir numa agenda de desenvolvimento. Discutirmos com o presidente dificuldades com o INPI, questões de financiamento, que o Brasil tem dificuldade de financiar pesquisa e inovação, principalmente no primeiro estágio, e questões de apoio do Estado para que a gente possa atrair grandes centros de pesquisa", afirmou Andrade.

"Discutimos o marco regulatório da inovação, o financiamento, e ele (Temer) se comprometeu a trabalhar para estudar todas essas questões. O Brasil gasta 11 anos para aprovar uma patente, e a média do mundo não chega a três. Ele se propôs a trabalhar para resolver", destacou Andrade. Ele afirmou ainda que Temer não anunciou medidas, mas que essa também não era a expectativa.