Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar sobe pelo 3º dia seguido com preocupações sobre Brexit

O dólar à vista fechou em alta de 1,11% aos R$ 3,3027, na máxima intraday. Em três dias, a alta acumulada chega a 2,87%


As preocupações em torno das consequências da separação do Reino Unido da União Europeia sustentaram a alta do dólar, que subiu nesta terça-feira (5/7) pela terceira sessão consecutiva ante o real. Dois fatores incomodam os investidores globais em razão da esperada desaceleração econômica na Europa: a saúde dos bancos na região, sobretudo os italianos, e um movimento de fuga de capitais de fundos no Reino Unido.

O dólar à vista fechou em alta de 1,11% aos R$ 3,3027, na máxima intraday. Em três dias, a alta acumulada chega a 2,87%. O giro à vista registrado na clearing de câmbio da BM estava em US$ 702,284 milhões, mantendo-se abaixo da média diária, na volta do feriado norte-americano do Dia da Independência. No mercado futuro, o contrato de dólar para agosto terminou com avanço de 0,97%, aos R$ R$ 3,3295, com volume negociado de US$ 12,287 bilhões.

As perspectivas negativas para o setor imobiliário do Reino Unido foram as principais fontes de atenção. Em menos de 24 horas, três fundos imobiliários suspenderam resgates no Reino Unido, temendo fuga de capitais. Ao todo, nesses três fundos, há 9,1 bilhões de libras - cerca de R$ 39 bilhões - com saque bloqueado.


Do outro lado do Canal da Mancha, o possível enfraquecimento econômico na Europa, em razão do Brexit, tem alimentado as expectativas sobre novas medidas de estímulo do Banco Central Europeu (BCE). Um eventual corte de juros, no entanto, poderia agravar a saúde de instituições financeiras locais.

No Brasil, as perspectivas de novas atuações do Banco Central, após o terceiro leilão de swap cambial reverso hoje, também apoiaram o viés positivo do dólar, de acordo com profissionais de câmbio. O Banco Central ainda possui US$ 60,635 bilhões em contratos de swap cambial tradicional, que podem ser revertidos para evitar um enfraquecimento do dólar.

Em sabatina no Congresso, os novos diretores do BC alinharam o discurso ao do presidente da instituição, Ilan Goldfajn, e defenderam o regime de câmbio flutuante, mas deixaram claro que a autarquia pode atuar e a flutuação não deve ser "totalmente limpa".

Após o fechamento do mercado, o Banco Central correspondeu às expectativas do mercado e voltou a anunciar, para amanhã, novo leilão de swap cambial reverso, de até 10 mil contratos.