Jornal Correio Braziliense

Economia

Projeção para inflação de 2016 sobe de 7,25% para 7,29%, aponta Focus

A mediana das previsões para o indicador de 2017 permaneceu em 5,50% pela sexta semana consecutiva. Já para a inflação deste ano, a trajetória de alta das estimativas foi mantida pela sexta vez consecutiva, ao passar de 7,25% para 7,29%

O Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 27, pelo Banco Central (BC) segue insensível em relação à projeção da instituição para o IPCA do ano que vem, pelo cenário de referência, que pela primeira vez ficou em 4,50%. A mediana das previsões para o indicador de 2017 permaneceu em 5,50% pela sexta semana consecutiva. Já para a inflação deste ano, a trajetória de alta das estimativas foi mantida pela sexta vez consecutiva, ao passar de 7,25% para 7,29%.

Essa rigidez das previsões para o ano que vem traz inquietações dentro do Comitê de Política Monetária (Copom), pelo que apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, há cerca de 15 dias. A avaliação é a de que, sem um sinal do setor privado de que há espaço para diminuição dessa taxa, fica mais difícil para o colegiado baixar a taxa básica de juros Selic, atualmente em 14,25% ao ano. Amanhã, o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, concederá sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu a função.

Para 2016, a mediana do boletim Focus passou de 7,25% para 7,29% Na ata do Copom, os diretores da instituição enfatizaram que há um "choque temporário" dos preços dos alimentos, mas que já há algum sinal de redução da pressão do setor de serviços, o mais resiliente até então. Quatro semanas atrás, a pesquisa trazia uma taxa de 7,06% para o IPCA deste ano.



Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, as medianas das projeções para este ano avançaram de 7,15% para 7,29%. Para 2017 permaneceram em 5,30%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de, respectivamente, 7,16% e 5,50%.

Já a inflação suavizada 12 meses à frente, que apresentou alta novamente, passando de 5,93% para 5,98% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,96%. As estimativas do mercado para os índices mensais também avançaram: as de junho subiram de 0,35% para 0,39% (quatro semanas antes estavam em 0,31%). Para julho, avançou de 0,33% para 0,40% - um mês antes estava em 0,25%.

Preços administrados


O Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo BC, trouxe bastante estabilidade nas projeções para os preços administrados. Pelo documento, a mediana das estimativas para 2016 passou de 6,99% para 7,00%, voltando, portanto para o mesmo nível verificado um mês atrás. Vilões da inflação de 2015, ao avançarem 18,07%, no caso de 2017, os administrados devem apresentar variação de 5,50% em 2017, conforme a mediana das expectativas, patamar no qual se encontra há sete semanas seguidas.

O BC conta com forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5% em 2016. Nos últimos tempos, o dólar mais baixo também tem mostrado que pode colaborar.

Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC informou que projeta variação de 6,8% para os preços administrados em 2016, mesmo valor da reunião do Copom de abril. Entre outros fatores, segundo o colegiado, essa projeção considera reajuste médio de 19,7% nas tarifas de água e esgoto, de 13,6% nos planos de saúde e redução de 3,5% nos preços da energia elétrica.

Para 2017, a estimativa do BC é de uma taxa de 5,0%, mesmo valor das três últimas reuniões. Amanhã, a instituição divulgará o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) com as suas estimativas mais detalhadas para a inflação deste e do próximo ano.

Outros índices


Não param de subir, e com bastante força, no Relatório de Mercado Focus, as projeções do setor privado para os índices de inflação do atacado, com destaque para a alta dos preços das commodities agrícolas. De acordo com o documento divulgado há pouco pelo Banco Central (BC), a mediana das estimativas dos analistas para o IGP-DI de 2016 saltou de 8,27% na semana passada para 8,55% agora. A diferença em relação a um mês atrás é de mais de 1,30 ponto porcentual (pp), já que a mediana para o IGP-DI deste ano estava em 7,20% na ocasião.

No caso do IGP-M, referência para o reajuste dos contratos de aluguel, a mediana das estimativas para este ano também avançou, passando de 8,34% para 8,47%. Quatro semanas antes estava em 7,40%, portanto uma alta superior a 1 pp também em 30 dias.

Para 2017, as previsões apresentaram pequeno alívio para o IGP-DI, que passou de 5,59% para 5,58%. Um mês antes, estava em 5,56%. Já a mediana das expectativas para o IGP-M de 2017 subiu de 5,60% para 5,63% - um mês atrás estava exatamente neste patamar.

Já o IPC-Fipe para 2016 baixou novamente, saindo de 7,34% para 7,30%, segundo a pesquisa Focus de hoje. Um mês antes, a mediana das projeções do mercado para o IPC era de 7,26%. Para 2017, houve avanço das expectativas para a inflação de São Paulo, que passaram de 5,30% para 5,50%. Um mês atrás, a mediana estava em 5,25%.