Economia

Dívida da Oi soma mais de R$ 65 bilhões

Pedido de socorro da operadora, que nasceu como grande projeto nacional no setor de telecomunicações, é o maior já encaminhado à Justiça na história do país. Para especialistas, consumidores podem ser penalizados com piora na qualidade dos serviços

Simone Kafruni
postado em 21/06/2016 06:00 / atualizado em 17/09/2020 12:14

A empresa de telefonia Oi entrou ontem com o maior pedido de recuperação judicial da história do país. A companhia informou que deve a terceiros R$ 65,4 bilhões, montante seis vezes maior do que o recorde anterior, da OGX, do empresário Eike Batista, que declarou dívidas de R$ 11,2 bilhões em 2013. O pedido foi protocolado na Justiça do Rio de Janeiro. Na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações preferenciais da companhia caíram 10%, cotadas a R$ 0,99. Em sete dias, os papéis despencaram 45%; no ano, as perdas são de 49,23%.

A dívida financeira da empresa está próxima de R$ 50 bilhões, sendo R$ 34 bilhões para credores estrangeiros e R$ 16 bilhões a instituições financeiras. Na sexta-feira passada, a maior concessionária de telecomunicações do Brasil, que nasceu no governo Lula como principal projeto nacional no setor de telecomunicações, declarou o fracasso de uma renegociação direta com detentores de títulos de sua dívida.

[SAIBAMAIS];Conforme previamente anunciado, as empresas Oi vinham empreendendo esforços e estudos, em conjunto com seus assessores financeiros e legais, para otimizar sua liquidez e perfil de endividamento. No entanto, considerando os desafios decorrentes da situação econômico-financeira à luz do cronograma de vencimento de suas dívidas e ameaças ao caixa representadas por iminentes penhoras ou bloqueios em processos judiciais, a companhia julgou que o pedido de recuperação judicial seria a medida mais adequada neste momento;, informou a operadora, em fato relevante divulgado ao mercado.

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Para especialistas do setor, a opção pela recuperação judicial já era estudada. ;Primeiro, cogitaram converter dívidas em ações. Depois, tentaram um alongamento dos débitos. A última alternativa foi o pedido de recuperação judicial, que protege a empresa, porque ela recebe a garantia de que, nesse período, ninguém vai executar uma dívida;, afirmou uma fonte.

Conforme o advogado Fernando Zilveti, do escritório Zilveti Advogados, a companhia tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação. Se a proposta for aprovada pelos credores, o juiz homologa o pedido e nomeia um administrador que terá dois anos para executar o plano, prazo que pode ser prorrogado. ;Se a empresa se recuperar, paga os credores. Pode ser que, no meio do caminho, ela consiga esticar as dívidas, renegociar, vender parte dos ativos;, explicou Zilveti.

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