Pela primeira vez desde o início da elaboração do Cadastro Central de Empresas (Cempre) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007, houve queda no número de empresas mapeadas no levantamento. O recuo foi de 5,4%, para 5,1 milhões de empresas e outras organizações ativas, um reflexo da crise econômica que se aprofundou no ano passado. O número de pequenas empresas (com faixa de pessoal ocupado de 0 a 9) foi o que mais caiu no período (-6,3%).
"Acredito que sejam os primeiros sinais dessa crise que estamos vivendo agora. As pequenas empresas são as que sofrem mais rapidamente", disse nesta sexta-feira, 17, a analista do Cadastro Central de Empresas do IBGE, Katia Carvalho. O comércio e a indústria de transformação, que participam com um maior número de empresas, foram os mais atingidos.
O ano de 2014 teve as menores variações anuais em todas as variáveis analisadas pelo IBGE. O pessoal ocupado assalariado teve um crescimento de 0,8%, mas uma das hipóteses é que pequenos empresários que fecharam suas empresas tenha passado a ser assalariados. O número de sócios proprietários de empresas caiu 3,9% em 2014.
A pesquisa também mostrou uma queda da formalização do pessoal ocupado nas empresas analisadas, de 53,4% em 2013 para 51,7% em 2014. Segundo o IBGE, houve aumento do pessoal ocupado total nas empresas - embora o menor da série -, mas este foi inferior ao crescimento da população economicamente ativa (PEA, pessoas em idade ativa à procura de trabalho). "Podemos falar de um aumento da informalidade no mercado de trabalho, como reflexo do início da crise econômica", diz Katia.
Diante da deterioração da economia de lá para cá, a tendência é que os dados piorem no próximo levantamento. "O que nós percebemos foi o início de um processo de queda. Não sabemos como vai se comportar o dado em 2015, mas provavelmente pode haver um número parecido com o de 2014 ou um pouquinho pior", diz Francisco de Souza, gerente de Disseminação, Análise e do Sistema de Manutenção Cadastral do IBGE.