A conjuntura na qual o Brasil se encontra é muito difícil e que o processo de recuperação deverá ser longo, avaliou o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo. ;O que posso dizer como diretor-geral da organização é que não é um momento fácil para o país. É um momento de turbulências em todas as frentes, em todas as áreas. Na área econômica, em particular, a recessão não é pequena e a solução não deverá ocorrer da noite para o dia;, avaliou Azevêdo nesta segunda-feira (13/06), após uma visita de cortesia ao presidente em exercício Michel Temer.
;Não é uma coisa que se possa ignorar a profundidade, a importância disso, mas ninguém no Brasil, muito menos no governo brasileiro ignora essa realidade, essa situação. E estão todos trabalhando para reverter isso no mais curto prazo possível porque é interesse do país e do povo brasileiro. E o que a organização puder fazer para ajudar nesse sentido, nós faremos;, disse o diretor.
De acordo com Azevêdo, em Genebra, na Suíça, onde fica a sede da OMC, a indefinição na área política não tem refletido como internamente e que não há sinais de desconfiança entre os demais países. ;O que eu tenho
percebido é que a delegação brasileira tem atuado de maneira muito clara, muito firme, inequívoca nas negociações. Eu não percebo nenhuma dúvida ou nenhum titubeio na posição brasileira no que diz respeito aos assuntos que estão sendo discutidos lá na OMC, em Genebra;, afirmou. ;Muito menos de outros países. Da parte da comunidade internacional o Brasil é um parceiro que tem peso especifico muito grande. É uma das maiores economias do planeta e é tratado como tal;, emendou.
Diálogo
Azevêdo informou aproveitou o encontro com Temer para ;aprofundar o diálogo entre o governo brasileiro e a instituição; e acrescentou que a conversa foi ;descontraída e muito agradável;. ;A OMC continua como sempre interessada em avançar no dialogo com o Brasil e facilitando a inserção no comércio internacional;, afirmou. Ele contou que colocou o presidente a par dos acordos da OMC, como o de facilitação de comércio firmado em Bali, na Indonésia, em dezembro de 2013, e que foi ratificado pela presidente afastada Dilma Rousseff, em março deste ano, durante a última visita oficial do diplomata ao Brasil.
;Falamos sobre os êxitos recentes na OMC, tanto em Bali quanto em Nairobi (no Quênia, este ano). O presidente disse que estava muito satisfeito com o que temos alcançado em Genebra. Disse que estava muito contente com o fato de ter um brasileiro ajudando nessa retomada da relevância da OMC no cenário internacional;, disse, sem entrar em muitos detalhes. ;Falamos de uma maneira geral sobre isso;, completou.
Negociações
O diretor da OMC afirmou ainda que não tem divergências com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, com quem tem uma reunião marcada para amanhã. ;Fico perplexo com as notícias que eu leio na imprensa no sentido de colocar que o ministro Serra e eu estivéssemos em oposição. Nós falamos exatamente a mesma coisa. Que o Brasil tem que procurar avançar no comércio internacional, em abertura de mercados, aonde em qualquer via permita que isso aconteça. Eu digo isso e não é de agora. E ele também esta dizendo a mesma coisa que eu;, afirmou. Azevêdo, inclusive, reconheceu que na área de negociações multilaterais, como a Rodada Doha, não houve avanços.
;O que ele (Serra) disse é que em determinadas áreas de negociação, por exemplo, abertura de mercados, não resta dúvida que, na OMC, a coisa não avançou muito, sobretudo, no contexto da Rodada Doha;, afirmou Azevedo, acrescentando que, para qualquer país, é mais fácil avançar na abertura de mercado em negociações bilaterais do que no multilateral. ;E nunca discordamos disso;, afirmou. ;Não significa que o país vai abandonar a OMC. Ele cansa de falar de subsídios concedidos por outros países e o único de lugar onde se pode negociar subsídio é na OMC;, pontuou. ;Que fique claro que não há discrepância de visão entre o diretor-geral e o ministro de estado. Vamos conversar e aprofundar o diálogo amanha;, finalizou.