Jornal Correio Braziliense

Economia

Líderes aliados criticam falta de 'timing' de Temer para votar reajuste

Lideranças aliadas reclamaram de ter de defender os reajustes no mesmo dia em que o governo tentava votar a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) e na semana seguinte à aprovação da previsão de déficit fiscal de R$ 170,5 bilhões

Líderes de partidos da base aliada na Câmara demonstraram desconforto em ter de orientar voto favorável ao pacote bilionário de reajuste dos servidores públicos federais aprovado na madrugada desta quinta-feira (2/6). Nos bastidores, muitos deles criticaram a falta de "timing" do governo Michel Temer para pedir apoio ao tema.

Lideranças aliadas reclamaram de ter de defender os reajustes no mesmo dia em que o governo tentava votar a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) e na semana seguinte à aprovação da previsão de déficit fiscal de R$ 170,5 bilhões. Para eles, os reajustes contradizem o discurso em defesa do ajuste fiscal sustentado pelo governo Temer.

"O problema foi a falta de oportunidade. Ele podia ter esperado mais. Não dava para mandar um pacotão desses praticamente no dia anterior à votação da autorização para rombo de R$ 170 bilhões", afirmou um líder de um partido com cargos no governo. "Sinceramente, não entendi por que votar tantos projetos a toque de caixa", disse outra liderança.

Na reunião com o líder do governo, deputado André Moura (PSC-SE), muitos deputados aliados questionaram o parlamentar sergipano do porquê da votação dos reajustes. "Ele só repetia: o Michel está pedindo", conta outro líder aliado. Na hora da votação, algumas lideranças não conseguiam esconder o desconforto e a pressão de suas bancadas contra a matéria.



Para tentar se salvaguardar de possíveis críticas, o PSDB procurou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em reunião na sede da Pasta, deputados tucanos pediram explicações ao ministro sobre a fundamentação orçamentária dos projetos. Ouviram que os impactos financeiros já estavam previstos no Orçamento.

"Se o governo disse que estava previsto no Orçamento, saímos de lá conscientes do nosso voto, mas dizendo que o governo não contasse com a gente para projetos de aumento ou criação de novos impostos", afirmou o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA).

Oficialmente, o discurso do governo é de que Temer deu uma demonstração de valorização ao funcionalismo público. Sabe-se, contudo, que ele decidiu defender a votação para tentar diminuir a pressão do PT e dos servidores públicos. Além disso, quis mostrar que, apesar de o PT ter negociado os reajustes, foi seu governo que bancou a aprovação.