Jornal Correio Braziliense

Economia

Desastre Econômico

Dez milhões de desempregados não são um número trivial. É sinal inequívoco de que algo está muito errado na economia brasileira, que acumula sucessivos períodos de encolhimento e inflação resistente. O recrudescimento da batalha do impeachment, nas últimas semanas, ofuscou o debate econômico de forma que questões relevantes foram postergadas ou simplesmente relegadas ao esquecimento. Qual é a agenda econômica do Brasil no momento? Quais são as prioridades para os próximos anos? Quais setores precisam de uma presença maior ou menor do Estado? O que está sendo providenciado para o país retomar a capacidade de investimento, a indústria se recuperar do longo período de ostracismo, a inflação retornar a índices toleráveis e os juros saírem da estratosfera? O governo não tem sequer uma autoridade econômica com projeção política para executar tarefas urgentes e inquestionáveis, como sanar o rombo das contas públicas. Se o governo está sem condições de controlar o próprio orçamento, ainda reúne forças para colocar a economia nos eixos?

O dilema econômico tem clara vinculação política. A crise de confiança que assombra a economia nacional está ligada aos sucessivos equívocos cometidos pela administração de Dilma Rousseff. A retração de investimentos, a retirada da nota de risco pelas agências internacionais, os seguidos alertas do FMI são indicadores que passam ao largo da discussão do impeachment e explicitam a decadência do país no cenário econômico. O Brasil segue perigosamente para o caminho da irrelevância, em razão de escolhas canhestras. Independentemente do processo que pode culminar na deposição de Dilma Rousseff, há muito o ambiente de negócio está inóspito no país. O agravamento da crise política tornou ainda mais difícil a empresários e investidores gerar empregos e aumentar a produtividade.

Se o afastamento da presidente Dilma Rousseff ainda não se concretizou na arena política, o programa econômico da petista já se encerrou. O debate não está mais no Palácio do Planalto. Concentra-se entre os possíveis ministros ; fala-se em Henrique Meirelles e José Serra ; de um eventual governo de Michel Temer. É a comprovação de que o ministério da Fazenda está vago, e de que Dilma Rousseff não está em condições de sinalizar mais nada para recuperar a economia nacional. Com a evolução do processo do impeachment, o governo Dilma está muito perto de entrar para a história como o maior desastre econômico desde a redemocratização.