Aécio afirmou que, embora tenha sido enfático quanto aos problemas, Fraga foi otimista ao dizer que as soluções são alcançáveis. ;Ele disse que a situação do país estaria muito pior se a Câmara tivesse derrubado o pedido de impeachment. Com a posse de Temer, será possível tomar as medidas necessárias;, afirmou ele, sem especificar quais seriam.
;O Arminio disse que o Banco do Brasil, a Caixa, a Petrobras e estatais precisam ser blindados de qualquer interferência política;, afirmou. Quando Aécio se candidatou à Presidência da República em 2014, anunciou Fraga como escolha para ministro da Fazenda em caso de vitória.
Na noite de segunda-feira, porém, o ex-presidente do BC foi sondado por Temer e disse que não pretende ocupar o cargo. ;Eles trocaram telefones. Arminio se dispôs a ser uma espécie de consultor. Além disso, ele conhece muita gente boa e pode fazer indicações para compor a equipe.;
O senador não disse quais seriam esses nomes. Outros convidados do jantar que participaram da conversa, na casa do empresário José Yunes, amigo de Temer, disseram que Fraga sugeriu o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, ou do ex-presidente do BC Henrique Meirelles para ocupar o Ministério da Fazenda. E para a presidência do BC, citou os ex-diretores da autoridade monetária Mário Mesquita, Ilan Goldfajn e Luiz Fernando Figueiredo.
Atenção especial
Segundo esses interlocutores, ao falar dos bancos públicos, Fraga disse que a situação ;é mais do que preocupante;. Para o ex-presidente do BC, Temer também terá que dedicar atenção especial à Petrobras, cuja situação ;é delicadíssima;. Disse ainda que a maior parte dos estados do país está ;quebrada;. A assessoria do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi procurada para que ele respondesse a essas avaliações, mas não houve resposta.
Na visão de Fraga, Temer precisará provocar um choque de credibilidade, o que passa por um governo austero, comprometido com a responsabilidade fiscal e estabilidade monetária. Se não fizer isso, repetirá o fracasso da gestão de Dilma Rousseff, que provocou a maior recessão da história do país.
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, ressaltou que Temer terá de ser transparente quanto ao quadro que encontrar na administração pública e não poderá se limitar a propor medidas emergenciais. ;De imediato, o mais importante é evitar pautas-bomba. Mas as decisões de longo prazo são as mais importantes. É preciso conseguir a aprovação de medidas para conter a sangria de recursos públicos;, afirmou.
Economistas ligados ao vice-presidente da República trabalham em um plano para a melhora do quadro fiscal que inclui a desindexação do salário mínimo e de outros benefícios sociais. Eles participaram da elaboração do documento Uma ponte para o futuro, lançado pelo PMDB em 2015.
Murilo Portugal na Fazenda teria a vantagem, segundo analistas, de conhecer a máquina pública. Depois de uma longa carreira no governo, foi secretário do Tesouro do governo de Fernando Henrique Cardoso. Saiu de lá para ser diretor do Banco Mundial e, depois, do Fundo Monetário Internacional (FMI). E tem enorme trânsito no mercado financeiro.
Henrique Meirelles presidiu o BC durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva. Era, aliás, a escolha de Lula para substituir Guido Mantega bem antes do fim do primeiro mandato de Dilma, o que a presidente nunca aceitou.
Dos nomes cogitados para o BC, Ilan é economista-chefe do Itaú. Figueiredo tem uma gestora de recursos, a Mauá Sekular. Ambos trabalharam com Fraga no BC. Mesquita atuou subordinado a Meirelles. É sócio do banco Brasil Plural. Outro nome cogitado pelo mercado é de Eduardo Loyo, economista-chefe do BTG Pactual. O ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung também é cogitado para o Ministério da Fazenda. Para a Petrobras, já se fala diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Alexandre Pires.
Colaborou Rosana Hessel
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