Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsa de Valores pode registrar a maior alta mensal desde 1999

Ibovespa acumula valorização de 19,76% em março. Declaração de ministro do STF reduz ganhos, mas pregão fecha positivo em 0,18%. Dólar recua 0,47%


Com o governo cada vez mais encurralado, o mercado poderá celebrar a maior alta mensal do principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM) desde dezembro de 1999, quando subiu 24,05%. Para isso, no entanto, é preciso que, hoje, o bom humor do mercado se consolide. No pregão de ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,18% aos 51.249 pontos, depois de ter disparado 2,16% na máxima do dia, acompanhando o desempenho positivo dos mercados internacionais. No mês, a alta é de 19,76%. O dólar, apesar da intervenção do Banco Central, caiu 0,47%, cotado em R$ 3,621.

Para os especialistas, a bolsa abriu o dia bem, ao sabor dos dados positivos externos, mas a volatilidade do fim do dia, quando reduziu os ganhos, voltou a ser motivada pelo noticiário político, após alguns ministros do PMDB terem dito que não sairão do governo e também depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello afirmar que o impeachment da presidente Dilma Rousseff não é capaz de resolver a crise. ;Se não houver fato jurídico que respalde o afastamento da presidente, o processo transparece como golpe;, disse Mello.

Na opinião de Wagner Alves, economista da gestora de recursos Franklin Templeton, a bolsa abriu no campo positivo ainda na esteira das declarações da presidente do Federal Reserve (Fed, autoridade monetária dos Estados Unidos), Janet Yellen, que foi contundente ao afirmar que a alta de juros será mais gradual, o que ajuda mercados emergentes como o Brasil.

Porém, emendou Alves, no fim da tarde, informações enfraqueceram a possibilidade do impeachment da presidente e amenizaram os ganhos. ;A ministra Katia Abreu disse que ela e seis outros ministros do PMDB permanecerão no governo. Não se sabe quais deputados podem angariar votos para eles, contra o impeachment;, analisou. ;Continuaremos no PMDB e no governo. Ao lado do Brasil nós enfrentaremos a crise;, disse a ministra da Agricultura, Katia Abreu, na rede social Twitter ontem.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, administrador do portal de informações financeiras Moneyou, as declarações do ministro do STF Marco Aurélio Mello deram um susto no mercado. ;Foi logo após ele falar que o Ibovespa perdeu força. Foi uma reação pontual que levou o índice para o terreno negativo. Mas depois que interpretaram melhor o depoimento, que não é, em absoluto contra o impeachment, houve recuperação, ainda que tardia;, avaliou. Na mínima do dia, a bolsa chegou a cair 0,22%.

Nos Estados Unidos, as declarações de Yellen fizeram que o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechasse em alta de 0,47%, a 17.716 pontos; e o Nasdaq, também valorizado em 0,47%, a 4.869 pontos.

Câmbio


O comportamento do dólar também manteve o bom humor da bolsa. Apesar de o Banco Central ter feito swap reverso ; operação de compra de dólares no mercado futuro ;, colocando 20 mil contratos no mercado para conter a valorização do real, apenas 3 mil foram negociados, no valor de R$ 148,3 milhões. Hoje, a autoridade monetária já anunciou que vai tentar negociar os 17 mil contratos restantes, equivalentes a R$ 851,7 milhões.

No entender do gerente de Câmbio da Corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, contra fatos não há argumentos. ;O mercado está apostando na troca do governo e isso derruba o dólar, quer o Banco Central queira, quer não. Como é o mercado que vende, deve ter colocado taxas fora do padrão para oferecer ao BC, que decidiu não comprar tudo. Além disso, temos fechamento de mês, o que mexe com a cotação;, assinalou.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique