Economia

Brasil exporta 170 toneladas de goiaba para europa e Guiné Equatorial

Minas ocupa o quinto lugar na produção brasileira

Luciane Evans
postado em 28/03/2016 10:30

Os frutos da goiabeira são bagas com tamanho, forma e coloração de polpa variável

Conhecida em Minas Gerais pelo doce tradicional produzido em tacho de cobre, a goiaba conquista espaços no mercado brasileiro de frutas processadas e nas exportações, mostrando que o seu sabor vai muito além da goiabada caseira. Em 12 anos, a produção da fruta no estado cresceu mais de 200%, ao subir de 4,9 mil toneladas em 2002 para 14,9 mil toneladas em 2014, gerando negócios de cerca de R$ 30 milhões por ano, segundo dados apurados pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa). Além do consumo in natura, destino da safra que começa agora, a iguaria atrai a atenção em diversas apresentações, da sobremesa ao lanche e à refeição, que vão desde biscoitos, passando por sucos até um exótico ketchup.

[SAIBAMAIS]No mercado de sucos, a goiaba tem ganhado espaço ainda maior. Na onda de grandes restaurantes, a goiaba está sendo servidapara acompanhar salgados. No Rio de Janeiro, por exemplo, a T.T Burguer criou o ketchup de goiaba para hambúrgueres. Hoje, 245ml do molho agridoce custam R$ 16 no local. A fruta foi acolhida, também, pela chamada culinária goumert em outros locais do país. Basta navegar na internet para encontrar a receita.

CUSTO ALTO NO CAMPO

A estatística disponível até 2014, de acordo com a Seapa, indica 2013 como ápice da produção e colheita em Minas, quando foram registradas 17,7 mil toneladas da fruta. O Brasil colheu 349 mil toneladas na mesma época. Por causa da estiagem de 2014, a safra ficou prejudicada, porém, a expectativa é de que, no último ano, tenha havido retomada da produção. Prova disso é que na CeasaMinas, onde produtores vendem a fruta in natura, a oferta vem crescendo. O coordenador do setor de Informações de Mercado da instituição, Ricardo Fernandes, constatou aumento de 5,9% entre 1;de janeiro e o último dia 20, ante idêntico período de 2015.

O produtor Antônio Lopes Rodrigues já sentiu essa mudança. ;Neste momento de plena safra, é ruim para nós, porque o preço cai uma vez que a oferta é demais;, diz. Há 10 anos no ramo, ele prefere atuar nos negócios depois de junho. Fora da safra, sete quilos de goiaba, produzida durante todo o ano, são vendidos a R$ 30.

Com uma área de 10 hectares, Rodrigues diz que, para a produção de goiabas, como qualquer fruta, é preciso saber lidar com o improviso. ;No ano passado, de maio a janeiro não ganhamos dinheiro pelo excesso do fruto no mercado. Depois, por causa da falta de chuva;, conta. Nos bons momentos, ele chega a produzir 1,5 mil caixas de goiaba por dia. ;O problema desse tipo de produção é o custo, que é alto para o preparo da terra e também embalagem. Quando estamos nessa época de safra, em que o preço da fruta cai, as despesas não diminuem. Por uma caixa, gastamos R$ 12;, diz.

Em 2015, foram ofertadas no Ceasa 1.091 toneladas da fruta no período de 1; de janeiro a 20 de março. Neste ano, no mesmo período, a oferta somou 1.155 toneladas. ;É uma notícia boa para o consumidor, porque está indo na contramão do comportamento das outras frutas. Com uma oferta maior, o preço médio da fruta caiu de R$ 3,45 para R$ 3,03 em um ano, ou seja, uma queda de 12%;, diz. Ricardo lembra que o período de abril a junho é o de melhor colheita.

Força na lavoura
Os frutos da goiabeira são bagas com tamanho, forma e coloração de polpa variável. Eles têm um dos mais altos teores de vitamina C (ácido ascórbico), sendo superados apenas pelos da acerola. Nas mudas provenientes de sementes, a frutificação começa no segundo ou terceiro ano depois do plantio. Já nas mudas obtidas por propagação vegetativa (estaquia ou enxertia), a floração se inicia com sete ou oito meses de idade. Em geral, a primeira florada deve ser eliminada, pois não tem valor comercial, o que favorece a formação da copa e reduz o desgaste de plantas muito jovens.

Minas tem potencial para aumentar oferta
O comércio de goiaba no atacado da CeasaMinas mostra que a produção mineira tem muito a crescer. Apenas 30% do que é negociado (na Ceasa) é de Minas, os outros 70% são de São Paulo;, observa Ricardo Fernandes, coordenador do setor de Informações de Mercado do entreposto. O gerente do atacado Val Frutas, com loja no Ceasa, Carlos Alexandre, confirma que o mercado da fruta pode ser melhor explorado.

;A produção em Minas e no Brasil está crescendo. Para se ter uma ideia, vendemos em nossos sete pontos de venda espalhados no Brasil 150 mil quilos da fruta a cada três dias e por mês são 500 mil;, revela. A empresa atende tanto no atacado quanto no varejo. ;A nossa empresa está há 30 anos no mercado e, agora, temos mais concorrentes. Mas é um mercado com muito a explorar;, comenta.

EXPORTAÇÂO

Minas ocupa o quinto lugar na produção brasileira. Em primeiro está São Paulo, com 133,6 mil toneladas produzidas só em 2014. Entre os principais municípios produtores em Minas destacam-se Visconde do Rio Branco e Paula Cândido, na Zona da Mata; Jaíba, no Norte de Minas; Dom Bosco, no Noroeste de Minas; e Alfredo Vasconcelos, na Região Central. Ainda em 2014, Minas exportou 1,3 tonelada de goiaba para a Guiné Equatorial ; principal importador da fruta mineira. A receita da exportação foi de US$ 3,5 mil. Os embarques do Brasil somaram 170 toneladas no período destinadas a 12 países, entre eles França, Espanha e Reino Unido.

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