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Economia

Juros futuros renovam fôlego de baixa com cenário político

As taxas futuras mostraram recuo firme desde a abertura dos negócios, em linha com o dólar e sob o impacto do IPCA de 0,90% em fevereiro, ante 1,27% em janeiro

O mercado de juros renovou o fôlego de queda nas taxas nesta quarta-feira, 9. A percepção de que a presidente Dilma está se enfraquecendo continuou sendo o principal vetor a conduzir os negócios, com o reforço do IPCA de fevereiro, de 0,90%, abaixo do piso das previsões, fazendo emergir o debate sobre um corte da Selic em abril. Ao término da negociação regular, o DI julho de 2016 estava em 14,075%, de 14,115% no ajuste de ontem. O DI janeiro de 2018 fechou em 13,95%, de 14,22%. O DI janeiro de 2021 cedeu de 14,64% para 14,39%.

As taxas futuras mostraram recuo firme desde a abertura dos negócios, em linha com o dólar e sob o impacto do IPCA de 0,90% em fevereiro, ante 1,27% em janeiro. O índice ficou aquém do piso das estimativas, que iam de 0,92% a 1,12%, e desacelerou no acumulado em 12 meses, de 10,71% para 10,36%. As previsões para março são de um número ainda mais baixo, dado que a entrada em vigor da bandeira amarela na tarifa de energia este mês deve favorecer um alívio extra aos preços administrados, enquanto a saída da pressão do grupo Educação deve desacelerar os preços de serviços.

Somado ao IGP-DI de fevereiro (0,79%) divulgado ontem, também abaixo do piso das estimativas, o IPCA alimentou a discussão sobre o início do afrouxamento monetário já no mês que vem. Ainda, o expressivo recuo do dólar acaba exercendo um efeito psicológico importante sobre o cenário de inflação de curto prazo.

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No entanto, a abertura de posições vendidas mais agressivas continua no trecho longo e respaldada principalmente no cenário político, ainda que o noticiário desta quarta-feira especificamente não tenha trazido novidades concretas que poderiam reforçar a hipótese do impeachment.

Ao contrário, houve muita especulação em torno da possibilidade do ex-presidente Lula assumir um ministério. Além disso, em encontro com senadores pela manhã, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula pediu uma reação dos senadores após ter sido alvo de uma condução coercitiva na última sexta-feira, determinada pela 24; fase da Operação Lava Jato. "Estão querendo me incluir de todo o jeito. Estão forçando a barra", reclamou o petista, conforme relatos obtidos pelo Broadcast Político. Vale lembrar que Calheiros é um dos investigados na operação da Polícia Federal.